sábado, 19 de março de 2016

MANIFESTAÇÃO 18/03/16

PORQUE UM ANARQUISTA FOI À MANIFESTAÇÃO DO DIA 18

por João Monti



Certa vez, Edgar Leuenroth caminhava solitário, num dia de Primeiro de Maio. Ao passar em frente à sede do PCB, foi convidado a entrar e participar das comemorações do Dia do Trabalho. Edgar aceitou o convite, talvez, absorto em sentimentos de desolação, de amargura, mas, acima de tudo, do orgulho laureado pelas flores dos rebeldes derrotados. Na virada do século XXI, o insipiente anarquismo atual sequer lembra o florescente movimento anarquista das três primeiras décadas do século passado, hegemônico na classe trabalhadora no Brasil. Hoje os anarquistas fazem jus à injusta crítica dos marxistas aos anarquismo da velha guarda, a saber, não passam de elementos da pequena burguesia. Pois este anarquismo divorciou-se por completo das classes proletárias e refugiou-se na cômoda esfera de uma intelectualidade diletante e contemplativa. Nos últimos tempos, porém, diante da escalada do fascismo, um verdadeiro anarquista, que ainda guarda consigo na memória os vivos ideais libertários da Primeira Internacional e a dor perene da Guerra Civil Espanhola, não pode se abster de resistir. Foi a face macabra do fascismo que levou um anarquista a se misturar com trabalhadores sem terra, que seguravam feixes de bambu, ao invés de foices, e ir na manifestação do dia 18. "No pasarán!" 

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