Ontem
fui assistir Os Anarquistas. O filme retrata os anos de 1899 na França, período
situado no último quartel do século marcado por intensa repressão dos governos
conservadores às organizações da classe trabalhadora que se seguiu à Comuna de
Paris (1871) e que também resultou no fim - além das conhecidas clivagens
internas de orientação ideológica - da I Internacional (Associação
Internacional dos Trabalhadores - AIT), em 1872 (expulsão de Bakunin). Assim,
sob a mira constante do Estado, os anarquistas passam a se reunir em pequenos
grupos, ou até mesmo atuar individualmente, e, dentro de uma limitada margem de
atuação possível, passam a resistir por via da ação direta, tática que vai
desde a sabotagem na fábrica até atentados à bomba. Por esta época, os
anarquistas fizeram tanto “barulho” que foram associados pelo imaginário
popular à dinamite. Somente quando atenuada a violenta opressão, os anarquistas
voltariam a se organizar sob a égide do novo conceito do anarcossindicalismo.
A
trama do longa começa quando o policial (P2) Jean Albertini (Tahar Rahim) é
designado pelo chefe de polícia a se infiltrar em um grupo de anarquistas.
Demitidos de uma fábrica por causa da agitação política, operários e artistas
residem num coletivo e, tal como o Bando de Bonnot, realizam expropriações para
se manter e financiar a propaganda libertária. Jean, que cresceu em um
orfanato, é muito bem recebido pelos militantes e se sente pela primeira vez
como se tivesse uma família. Para aumentar mais sua aflição, o policial se apaixona
pela bela militante Judith Lorillard (Adèle Exarchopoulos), namorada de Elisée
Mayer (Swann Arlaud), anarquista que lhe tem como um irmão.
(Bando de Bonnot, 1911-1913)
Apesar
de em certos momentos o filme apresentar os personagens de modo um pouco
caricatural, no geral ele é bom e não decepciona, com direito a passagens
belíssimas, de muita sensibilidade. Além disso, para quem conhece um pouco a
história da Anarquia, há deliciosas referências do período, como canções e
lembranças de célebres anarquistas como Ravachol e Émile Henry.
(François Claudius Koënigstein - Ravachol)
(Émile Henry)
Não posso
terminar sem deixar de mencionar que por volta desta época (1890), como
descrevi em meu perfil, meu tataravô Nivardo Fumelli Monti fora expulso da Itália,
aportando por estas plagas como um perigoso revolucionário (“planta exótica”,
como eram chamados por aqui). Acabou sendo extraditado para a Europa, para
retornar em 1894, onde teve uma vida pacata com a família.
Título
Original: Les Anarchistes
Gênero:
Drama
Direção:
Elie Wajeman
Roteiro:
Elie Wajeman, Gaëlle Macé
Elenco:
Adèle Exarchopoulos, Arieh Worthalter, Audrey Bonnet, Aurélia Poirier, Cédric
Kahn, David Geselson, Emilie de Preissac, Guillaume Gouix, Karim Leklou, Louise
Roch, Marion Picard, Nikolas Hammar, Olivier Desautel, Romain Rouet, Sarah Le
Picard, Simon Bellouard, Swann Arlaud, Tahar Rahim, Thibault Lacroix, Valentine
Vittoz
Produção:
Lola Gans
Fotografia:
David Chizallet
Duração:
101 min.
Ano:
2015
País:
França
Cor:
Colorido
Estreia:
19 de Maio de 2016
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