sábado, 28 de maio de 2016

OS ANARQUISTAS - (filme)


Ontem fui assistir Os Anarquistas. O filme retrata os anos de 1899 na França, período situado no último quartel do século marcado por intensa repressão dos governos conservadores às organizações da classe trabalhadora que se seguiu à Comuna de Paris (1871) e que também resultou no fim - além das conhecidas clivagens internas de orientação ideológica - da I Internacional (Associação Internacional dos Trabalhadores - AIT), em 1872 (expulsão de Bakunin). Assim, sob a mira constante do Estado, os anarquistas passam a se reunir em pequenos grupos, ou até mesmo atuar individualmente, e, dentro de uma limitada margem de atuação possível, passam a resistir por via da ação direta, tática que vai desde a sabotagem na fábrica até atentados à bomba. Por esta época, os anarquistas fizeram tanto “barulho” que foram associados pelo imaginário popular à dinamite. Somente quando atenuada a violenta opressão, os anarquistas voltariam a se organizar sob a égide do novo conceito do anarcossindicalismo.
A trama do longa começa quando o policial (P2) Jean Albertini (Tahar Rahim) é designado pelo chefe de polícia a se infiltrar em um grupo de anarquistas. Demitidos de uma fábrica por causa da agitação política, operários e artistas residem num coletivo e, tal como o Bando de Bonnot, realizam expropriações para se manter e financiar a propaganda libertária. Jean, que cresceu em um orfanato, é muito bem recebido pelos militantes e se sente pela primeira vez como se tivesse uma família. Para aumentar mais sua aflição, o policial se apaixona pela bela militante Judith Lorillard (Adèle Exarchopoulos), namorada de Elisée Mayer (Swann Arlaud), anarquista que lhe tem como um irmão.
(Bando de Bonnot, 1911-1913)
Apesar de em certos momentos o filme apresentar os personagens de modo um pouco caricatural, no geral ele é bom e não decepciona, com direito a passagens belíssimas, de muita sensibilidade. Além disso, para quem conhece um pouco a história da Anarquia, há deliciosas referências do período, como canções e lembranças de célebres anarquistas como Ravachol e Émile Henry. 
(François Claudius Koënigstein - Ravachol)

(Émile Henry)
Não posso terminar sem deixar de mencionar que por volta desta época (1890), como descrevi em meu perfil, meu tataravô Nivardo Fumelli Monti fora expulso da Itália, aportando por estas plagas como um perigoso revolucionário (“planta exótica”, como eram chamados por aqui). Acabou sendo extraditado para a Europa, para retornar em 1894, onde teve uma vida pacata com a família.

Título Original: Les Anarchistes
Gênero: Drama
Direção: Elie Wajeman
Roteiro: Elie Wajeman, Gaëlle Macé
Elenco: Adèle Exarchopoulos, Arieh Worthalter, Audrey Bonnet, Aurélia Poirier, Cédric Kahn, David Geselson, Emilie de Preissac, Guillaume Gouix, Karim Leklou, Louise Roch, Marion Picard, Nikolas Hammar, Olivier Desautel, Romain Rouet, Sarah Le Picard, Simon Bellouard, Swann Arlaud, Tahar Rahim, Thibault Lacroix, Valentine Vittoz
Produção: Lola Gans
Fotografia: David Chizallet
Duração: 101 min.
Ano: 2015
País: França
Cor: Colorido

Estreia: 19 de Maio de 2016

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