KURZ
CIRCUITO II
Autor: João Monti
Saudações cósmicas!
Depois das estarrecedoras e chocantes
revelações do ufólogo FHK sobre a presença de extraterrestres infiltrados entre
seres humanos com a missão de provocar um colapso da civilização, torna-se
urgente e necessário conhecer um pouco mais desses indesejáveis visitantes.
Taxonomia
extraterrestre
Para esclarecer os leigos sobre os variados
tipos de extraterrestres, farei uma breve exposição da tipologia de espécies
encontrada nos manuais de ovniologia. Advirto, porém, que essa é uma classificação
geral, baseada em relatos de testemunhas idôneas, mas que, como todo relato de
testemunhas idôneas, não deve ser levado tão a sério assim. Vejamos:
a) O tipo tradicional: baixinho,
cabeçudo, com a pele mole e melequenta, de grandes olhos vermelhos. Há uma
variação desse tipo, que é um ET cornudo; fato que ainda intriga a ciência. Até
que seria simpático se não fosse tão assustador. (Esse tipo geralmente é do
bem).
b) O tipo raquítico: parecido com o
tradicional, mas muito mais magro e alto, podendo chegar, com o pescoço
encolhido, a 2,5 metros de altura e até 3 metros com pescoço esticado. (É de
temperamento fleumático).
c) O tipo artrópode: semelhante a
insetos e aracnídeos, tem o cérebro do tamanho de uma noz e não se sai muito
bem nos testes de Q.I. Representa um dos maiores mistérios da ufologia. Ninguém
sabe ao certo como este tipo consegue construir discos voadores e viajar na
velocidade da luz. (Característica: é muito meigo apesar do ferrão).
d) O tipo robótico: é feito de um tipo
de alumínio desconhecido na Terra. Este tipo costuma se embriagar de ketchup.
Isto explica a numerosa sinalização de trânsito encontrada no universo, tão
fartamente documentada pelas sondas espaciais lançadas pela NASA e pelo
Sputinik. (É bastante sensato quando não está bêbado).
e) O tipo surfista: segundo relatos, os
mais feios exemplares desse grupo, macho e fêmea, se assemelham,
respectivamente, ao Bred Pitty e a Angelina Jolie. Isso pode perfeitamente
explicar porque tantas pessoas querem ser abduzidas e manter contatos imediatos
do último grau com essa espécie. (Realmente, a procura é muito grande e as
empresas de turismo intergalático estão à beira de um colapso). Todavia, as
naves podem ser trocadas (o que é bem mais comum do que se imagina) e, ao invés
de aparecer o tipo surfista, entra em cena o tipo tradicional. Como se sabe, as
empresas do gênero não aceitam devolução do dinheiro e sequer dão qualquer tipo
de garantia. (Quanto tempo ainda vamos ter de esperar um código do de defesa
consumidor abduzido, companheiros e companheiras!) Nesse caso, vale a sabedoria
popular: "tá no inferno, abraça o capeta". (Ou para dizer, de modo
não tão elegante, como a abduzida Marta: "relaxa e goza").
Só mais um detalhe a esse respeito: tais
contatos muito imediatos - ultra-imediatos - podem acarretar traumas
inesquecíveis; por isso, como é de praxe acontecer, as lembranças do abduzido
são totalmente apagadas e reconstruídas em outras situações e ambientes, como,
por exemplo, festas na USP, mais precisamente, da FFLCH. (Segundo dados do
IPEA, se algo parecido ocorreu com você nos últimos seis meses e lhe tem
causado algum tipo de ressaca, as chances de ter sido abduzido/a são de 50%,
peremptoriamente).
f) O tipo chupa-cabra: não há muito que
falar dele. Tem por hábito chupar cabras e só. Por quê? Ninguém sabe. Mas, a
propósito, o que sabemos nós sobre as atividades desses visitantes estelares em
nosso planeta azul? Seus interesses podem ser os mais diversos, desde brincar
de amarelinha até desintegrar cidades inteiras com seus raios atômicos. Que
interessa então as razões que levam esse tipo de criatura extraterrestre a
chupar cabras? Deixa eles viverem!
g) O tipo reptiliano: os reptilianos
são... não... eu não quero falar sobre os reptilianos... ninguém pode me
obrigar isso... eu não vou falar dos reptilianos! Socorro!!!
h) O tipo híbrido ou mestiço: esse tipo
é fruto do cruzamento entre ETs e seres humanos. Uma peculiaridade: em nada
difere dos seres humanos, podendo, com um grau de certeza absoluta, estar agora
exatamente do seu lado. Nesse caso, mantenha a calma e siga as nossas
orientações: não faça movimentos bruscos ou qualquer sinal que demonstre
perturbação ou pânico, respire fundo e seja educado, fale devagar, seja
atencioso e o mais gentil possível, então, quando momento oportuno surgir, fuja
o mais depressa possível! Agora!!!
Obs.: Quer saber mais? Tratar com Steve
Spielberg.
Aproveito a ocasião para cumprimentar e
apoiar o movimento Mulher-ET Unida Jamais Será Vencida (M-ET.U.J.S.V), pois
hoje é também o Dia Universal da Mulher-ET. Muita força, a luta continua!!!!
Abraços cósmicos!
Ass.: Dr. Espóqui, seu criado, ao seu
dispor.
PS.: Interpretações e, principalmente,
REVELAÇÕES serão enviadas no próximo domingo. Preparem-se, a terra irá
tremer!!!!
Karl Heinrich Marx, ou melhor, Moses
Levy Mordecai, foi filho do próspero advogado Herschel Mordecai (Heinrich Marx)
e neto do rabino Merier HaLevy. (Muitos anos mais tarde, parte da família
materna de Marx fundaria a Philips Electronics). Entusiasmado com a
possibilidade de, para ascender ao cargo de conselheiro da justiça, obter o
reconhecimento de cidadania do Reino da Prússia, ainda sob influência da invasão
francesa e do Código Civil napoleônico, da formação dos Estados nacionais
modernos e, claro, da ampliação do sistema de arrecadação de tributos, Herschel
trocou de nome de acordo com os requisitos dos arquivos oficiais e registros de
sobrenomes hereditários e vernáculos. (Nota-se que algo semelhante ocorreu em
Espanha [1492] e Portugal [1497] quando, por determinação dos Reis Católicos e
do Vaticano, os judeus foram obrigados a se converter e adotar nomes cristãos,
geralmente o do padrinho). (Aqui vale mais uma curiosidade: a família
portuguesa assemelhava-se a "família" romana, pela qual eram
considerados da família não só os indivíduos com estreito grau de
consanguinidade [gens], mas, além dos
adotados, também os clientes, servos e escravos, formando intrincadas redes
congregadas por numerosas pessoas. Por isso, os portugueses adotavam o nome da
“casa” [quinta, propriedade] e não o nome paterno, como era o caso da família
germânica. Portanto, diferentemente desta, as meninas recebiam o “apelido” da
mãe, enquanto os meninos, o do pai, e por isso a linhagem da família portuguesa
não acabava se por acaso fossem geradas apenas crianças do sexo feminino. O
hábito de adotar o nome paterno, ainda muito comum entre nós, é extremamente
recente na cultura ibérica, datado do século XIX, e tem por influência a
cultura francesa). (Outra curiosidade, o apelido de Marx era Mouro, dado suas
características físicas, e é muito provável que tivesse ascendência ibérica, de
judeus sefardim, por parte de sua família materna, provinda da Holanda, um dos
destinos de fuga dos judeus durante a Santa Inquisição; outros lugares
importantes foram o Marrocos, a Alemanha, a Inglaterra, o Império Turco
Otomano. David Ricardo e Bento Espinhosa ou Spiñosa [Baruch Spinosa] também
tinham origem ibérica).
Mas isso é outra história... Vamos dar
risada! Ou melhor, chorar, com a história tragicômica, nas palavras do
personagem protagonista, Karl Marx, que vamos contar a seguir:
Apesar de comunista, Karl Marx era de
família pequeno-burguesa. (Isso não é tão estranho assim, considerando-se os
dias de hoje). Também não se casou com uma mulher proletária. (Isso também não
é tão estranho assim; também Lênin tinha uma queda por, vamos dizer,
“patricinhas”). Aliás, ao que parece, o único vínculo mantido por Marx com a
classe trabalhadora restringia-se unicamente a fins utilitários. É bastante
provável que esta lhe servia apenas de escada, para o filósofo alemão subir aos
píncaros da glória do pensamento ocidental. Mas, procuremos não distanciar
muito do nosso objetivo, que é descobrir o paradeiro do homem que inspirou o título
deste texto, Frederick Lewis Demuth!
Mas a história é longa. Vamos por
partes.
Como foi dito acima, quando o
revolucionário Marx resolveu que já estava na hora de juntar os trapos, foi
procurar não uma moça da classe revolucionária, mas, ao contrário, uma mulher
de família rica e aristocrática. (Isso não é tão estranho assim...) A escolhida
chamava-se Johanna von Westphalen, ou, carinhosamente, Jenny. Diferentemente de
Jacó, que esperou sete longos anos para se casar com Raquel – sem contar os
outros sete que esperou para casar com Lia, um acidente de percurso –, Marx já
enrolava Jenny há sete anos e só cedeu aos laços (ou forca?) matrimoniais
diante das pressões insistentes de ambas as famílias. Não sejamos tão cruéis,
Marx realmente amava Jenny. Mas o sentimento que esta nutria por ele era aquilo
que poderíamos dizer: Supimpa, isso, sim, é que é amor! Amor incondicional, tão
incondicional, que Jenny se resignava aos caprichos do Mouro, renunciando a sua
própria personalidade, em favor dos delírios narcisistas daquele, e emudecia
diante da sua autoridade intelectual do amado. Ela aturava até mesmos
comportamentos excêntricos do cônjuge, como o hábito de Marx passar dias sem
tomar banho e cultivar furúnculos nas nádegas. Sim, furúnculos, de tanto ficar
sentado, estudando na biblioteca.
Furúnculos causados pela luta de
classes! Marx teria dito ao seu discípulo e baba ovo Engels, ao escrever o
Capital: “Espero que a burguesia se lembre de meus furúnculos até a hora da
morte!”
Apesar de ser de família nobre e rica,
Jenny amargaria dias de penúria ao lado de Marx. Sem dúvida, Marx conhecia bem
o crédito mas não o trabalho. Vivia fugindo de agiotas para quem devia ou a
pedir dinheiro emprestado, por intermédio de sua mãe, Henriette Pressburg, ao
tio rico, Philips, até então conhecer aquele que enfim se tornaria seu melhor
amigo e discípulo, mas, antes de tudo, sua maior fonte de renda: o playboy,
filho de industrial, Friedrich Engels (seu pai era um capitalista da indústria
têxtil).
Marx e Jenny tiveram sete filhos, dos quais
quatro faleceram ainda na infância, devido às condições de extrema pobreza pela
qual vivia a família. Ao nascer sua primeira filha, Marx teria praguejado aos
céus, e confidenciado a Engels: “Infelizmente, no sexo ‘par excellence’, se
fosse um menino seria muito melhor”. Dos filhos que sobreviveram, duas meninas
e um menino, Marx via nas meninas um peso, porque, até elas desencalharem e
encontrar um bom partido (!!!) ainda levaria muito tempo, e, consequentemente,
seriam fontes de despesas intermináveis. De fato, parece que Marx enfim
alcançou seus objetivos materialistas. No site do PCB, pode se ler: “[Marx]
casou bem suas duas filhas para não passarem mais por dificuldades”.
(Qualquer semelhança com os dias de hoje
é mera coincidência!).
Diferentemente, o playboy Engel gostava
de pôr a mão na massa (como mostra seu livro sobre a classe operária na
Inglaterra) e se casou de fato com uma mulher proletária, a famosa Maria Queimadura
(Mary Burns). Sim, Engels, apesar do materialismo professado, era um romântico
incorrigível, sincero e idealista. Pegou as trouxas e foi viver, digamos, um amor e uma cabana, com sua adorável
Mary. (Qualquer semelhança com os dias de hoje é mera coincidência!).
O final do conto de fadas do casal
Engels não foi tão feliz. Mary morreu.
Transtornado, Engels escreveu uma carta a
Marx, contando a triste notícia. Esperava palavra de consolo do amigo – e
ídolo. Entretanto, Marx não se comoveu e ainda reenviou uma carta pedindo mais
dinheiro ao playboy. Vamos ler atentamente a carta:
“Caro Engels: A notícia de que Mary
morreu espanta-me e me deixa consternado. Ela era muito boa, espirituosa, e
acompanhava muito a ti. O diabo sabe que não há nada, mas agora o nosso
problema gira em círculos. Eu próprio já não posso dizer se estou com ele em
minha cabeça ou em meus calcanhares. Minhas tentativas para levantar algum
dinheiro na França e na Alemanha têm falhado, e isto é de se esperar que a falta
de dinheiro será uma avalanche dentro de uma ou duas semanas. Além do fato que
não nos darão mais crédito, exceto o açougueiro e do padeiro (e eles darão só
para o final desta semana), estou atormentado pelas despesas escolares, para o
aluguel e por todo o mais. O pouco dinheiro que tenho pago a quem eu tenho
conta, os cobradores estão caindo sobre mim com redobrada insistência. Além
disso, as crianças não têm roupas ou sapatos para sair à noite. Em uma palavra,
um inferno para pagar... Nós dificilmente nos manteremos sem dinheiro por mais
uma quinzena. É abominável e egoísta da minha parte contar todos estes horrores
a você em neste momento. Mas o remédio é homeopático. Um mal não irá ajudar a
anular o outro” (Londres, 08.01.1863).
Perante a conhecida frieza e
insensibilidade de Marx, Engels ficou chocado, mas ainda assim tomou
providências para arrumar algum trocadinho para seu afeto:
"Ainda assim, você vai entender
depois de meus esforços excepcionais, estou absolutamente sem dinheiro, e que,
portanto, você não vai poder contar com alguma coisa de mim antes de
junho" (Manchester, 26.01.1863).
Mais tarde, sem muitos traumas, e
aparentemente curado da tristeza, Engels resolveu facilmente seu problema com a
falta do sexo “par excellence”, tendo em vista as condições objetivas e
genéticas, ao apaixonar-se por Lizzie, irmã de Mary.
Em 1850, enquanto Jenny viajava para a
Holanda no intuito de arrecadar fundos para a causa do marido (provavelmente
arrancar mais grana do titio Philips), Karl Marx, disposto a desvendar as
entranhas da classe trabalhadora, decidiu realizar um trabalho de campo no
quarto da empregada doméstica da família, ambos então envolvidos numa causa...
digamos... não tão edificante assim, a depender, claro, do ponto de vista (do
deles, principalmente)... Bem, como poderíamos esclarecedor esse episódio, no
mínimo, obscuro, da vida do filósofo, sem ter de acender a luz... Ops!...quer
dizer, sem ter de usar de termos grosseiros, em seus muitos pormenores? Vamos
falar assim: os dois punham a questão do socialismo científico completamente a
nu... Sim, debatiam profundamente o movimento operário, a sós... Debate que, de
fato, não era bem um debate, de palavras, mas, sim, o próprio movimento (ou
movimentos!), pois, debatiam (e batiam pernas, coxas e tudo mais!), a portas
fechadas, às escuras. (Cá para nós, não sejamos tão críticos com esses dois
jovens, deixemos a crítica crítica para o jovem Marx e seus amigos hegelianos,
mesmo porque, a essa altura, os dois referidos jovens já devem estar quase lá, no
ponto crítico, e, convenhamos nós, militantes, o movimento sempre teve seus
altos e baixos, idas e vindas)... Se é que vocês entendem... Não?! Tá bom, vou
direto ao ponto, não ao controverso ponto G, esse, no momento, deixo para o
célebre filósofo encontrar, mas ao ponto em questão. Então, sem mais delongas,
lá vai!:
Marx e empregada doméstica FORNICAVAM na
ausência de Jenny! Pronto, falei!
Eis o conceito de práxis, sem retoques,
em toda sua essência, que pode ser enfim reduzido a gemidos e suspiros! (Qualquer semelhança com os dias de hoje
também é mera coincidência!)
Oh, pobre Jenny!
Nove meses depois de um envolvimento tão
íntimo no seio da (classe) trabalhadora, a revolução não fora gestada, mas Karl
Marx ganhava um novo rebento, que expressava a mais pura síntese das
contradições do materialismo dialético (vanguarda X massa de manobra;
trabalhadores intelectuais X trabalhadores manuais; patrão ocioso X doméstica
embuchada; etc). Realmente, Marx, como bom descendente de uma família rabínica,
conseguira unir a tradição bíblica, do “crescei e multiplicai-vos” (Gênesis), à
sua última tese, das onze contra Freuerbach: “não se trata de compreender o
mundo, trata-se de transformá-lo” (Podia afirmar também, contra a metafísica
existencialista: não se trata de compreender a vida, trata-se de gerá-la!)
Mas quem foi esta mulher, legitima
representante da classe trabalhadora, que surgiu na vida do filósofo? Deixamos
para apresentá-la mais adiante, por ora basta mencionar que a moça era uma
serva de longa data da família feudal de Jenny. Sim, apesar da pobreza do casal
Marx, sim!, eles tinham uma empregada doméstica, como toda família normal de
classe média!
Isso merece um pouco mais da nossa
atenção.
Se o fato ocorresse em dias de hoje,
Marx poderia até ser processado por assédio e ir mesmo parar na cadeia, já que
nunca pagou pensão ao seu filho meio proletário. Na época, os direitos das
mulheres eram inexistentes. Seria equivocado, de nossa parte, cogitar se Marx
se aproveitou da situação, sendo ele um crítico sagaz da hipócrita sociedade
burguesa de sua época, não teria ele reação diferente? É preciso avançar mais e
passar essa história a limpo.
Numa incrível crise de consciência, Marx
escreveu para Engels, reconhecendo seus atos como típicos da pequena-burguesia:
(Novamente, qualquer semelhança com os dias de hoje é mera coincidência!)
“Tens que admitir que esta é uma
enrascada dos diabos e que estou enfiado até o pescoço no lamaçal
pequeno-burguês. Mas, por último, para dar uma feição tragicômica à coisa, há
ainda um mystère que te revelarei agora em très peu de mots” (O relato é
interrompido porque Marx demonstra o desejo de contar o "segredo" a
Engels pessoalmente).
Ao nascer o filho bastardo de Marx, a
infeliz da Jenny, em sua autobiografia, escreveria:
“No começo do verão de 1851, houve um
acontecimento que não desejo relatar aqui em detalhe, embora ele contribuísse
muito para aumentar as nossas preocupações, tanto pessoais como outras”.
Oh, pobre Jenny!
Mas vamos nos ater um pouquinho mais
nessa figura ao mesmo tempo singular e pitoresca, a empregada doméstica. Seu
nome era Helen Demuth, filha de um padeiro. Helen era, como já foi assinalado,
uma serva da família de Jenny, os aristocráticos Von Westphalen. Na residência
do jovem e do velho Marx, viveu um triângulo reto, isósceles, escaleno e,
finalmente, amoroso com o casal. O patrão ocupava a ponta de um vértice do
triângulo, na outra, achava-se a dona Jenny, e, como ensina a geometria, em
seus axiomas, todo triângulo tem três ângulos, portanto, é fácil adivinhar quem
estava na terceira ponta. Elementar, meu caro Watson! Helen Demuth!
Oh, pobre Jenny!
Os franceses chamam esse tipo de
geometria de “ménage a trois”. “Ménage” pode ser traduzido por trabalho doméstico, e, sem dúvida, isso
foi o mais perto que Marx chegou da labuta, pois batia ponto diariamente no quartinho
dos fundos, como um dedicado operário libidinoso, unindo o útil ao agradável,
evidentemente, não com os proletários do mundo todo (é gente demais!), mas,
somente com Helen!
A coitadinha da dona Jenny sempre
aceitou sem reclamar os momentos intermináveis em que o maridão se dedicava
horas e horas em tangíveis pesquisas do seu melhor objeto de estudo, a
insaciável Helen. Já a subalterna nunca cobrou do patrão o reconhecimento da
paternidade do filho, concebido durante as longas incursões noturnas do
filósofo à área de serviço, de onde, presume-se, concebeu as bases da dialética
concreta, através da realidade palpável e corpórea da categoria trabalho. (Por
outro lado, Marx nunca foi muito chegado em se aproximar de operários suados,
sujos e barbudos, o que explicaria o fato, como reza a lenda, de o mentor do
socialismo científico nunca ter pisado os pés num chão de fábrica).
Com o passar dos anos, Helen, pouco a
pouco, foi se tornando uma ditadora da casa. Interrompia violentamente partidas
de xadrez, aos gritos, porque o ego de Marx não gostava de perder, ficando
terrivelmente mal-humorado a cada derrota. Melindrado, Marx não esboçava
reação, talvez, interessado em desvendar os segredos da luta de classes, motor
da história, in loco, ou seja, dentro
de sua própria casa. No caso da pobre Jenny, esta apenas sonhava com o dia em
que Marx seguisse os conselhos da mãe, a saber, que parasse um pouco de
escrever sobre o capital e tomasse vergonha na cara ao ganhar algum.
Finalmente, a classe trabalhadora chegou
ao poder no lar de Karl Marx. Cada vez mais poderosa, Helen proibiu de uma vez
por todas as partidas de xadrez, para o desespero do patriarca, e, ainda,
passou a ditar as regras do lar, sob pena de surras de vassoura e castigo no
depósito. Como já percebemos, Helen sempre foi motivo de inspirações teóricas
do filósofo, e podemos também atribuir à amante o insight da teoria da ditadura do proletariado!
Oh, pobre Jenny!
Esta relação dialética, de três termos
(tese, antítese e síntese), foi mantida em segredo pelo casal, principalmente
de suas respectivas famílias e, também, do movimento operário. Realmente, era
preciso esconder dos trabalhadores o verdadeiro sentido da dialética marxista,
e preservar a imagem do barbudo, enquanto representante intelectual do comunismo,
já que os operários da época orgulhavam-se de sua retidão moral, forjada a
ferro e fogo, na lida da produção em série e na resistência estoica à
exploração.
A essa altura, vocês devem estar se
perguntando que fim levou a criança, o filho bastardo de Marx. Será que alguém
consegue adivinhar? (...) Sim! Engels, o bom e velho Engels, fiel escudeiro,
pau pra toda obra! ele mesmo, Engels, assumiu a paternidade do moleque!
O menino recebeu o nome de Frederick
Lewis Demuth, ou, simplesmente, Freddy, o Rejeitado. (Olha só: Frederick de
Friedrich Engels, Lewis de Levy (o nome hebraico de Marx) e o Demuth, da
Helen).
Frederick Lewis Demuth simbolizava,
melhor do que qualquer coisa, aquilo poderíamos chamar de modo inequívoco
“mais-valia”, isto é, valor excedente, fruto do trabalho excedente, apropriado
pelo burguês!
Na verdade, o playboy Engels assumiu
oficialmente a criança e caiu em descrédito moral perante a preconceituosa
sociedade vitoriana do século XIX. Em seguida, graças a uma intrincada divisão
do trabalho, os amigos de Marx e Engels deram um jeito de despachar o menino
(algo que chocou até mesmo a filha de Marx). O pobrezinho foi morar com uma
insensível família londrina. Por isso, Frederick, de genes legitimamente
proletário, teve uma péssima educação; muito diferentemente daquela a que
receberam os outros filhos de Marx, versados em literatura, artes, ciências,
línguas estrangeiras, e que se divertiam em alegres piqueniques familiares.
(Qualquer semelhança com os dias de hoje é mera coincidência).
Marx nunca mencionou este filho a
ninguém e possivelmente o ignorou por completo por toda a vida. Em sua vida
adulta, Freddy, sem nenhuma formação cultural, tornou-se torneiro mecânico e
montador. Realmente, o único filho operário de Marx foi completamente excluído
de sua biografia e da marcha inexorável da História que elevou o intelectual
Karl Marx à condição de deus não só do Partido Comunista, mas também de
intelectuais marxistas organicamente chatos ou, em sua versão atual, acadêmica e
apolítica, ainda mais chata, os “marxólogos”. (Eca, ao escrever essa última
palavra, me deu um embrulho no estômago... Desculpa, volta já, vou vomitar!)
(...)
O tempo passou e Helen foi trabalhar
como doméstica na casa de Engels, e, para Freddy visitá-la, o rapaz tinha de
tomar todo o cuidado de entrar sempre pela porta de serviço, nos fundos;
ocasião em que Engels tomava todo o cuidado para se ausentar, pela porta da
frente, “social”!
Esse segredo foi mantido até meados do
século XX, tudo pela causa marxista e do Partido Comunista, no velho estilo “os
fins justificam os meios”.
Este texto foi escrito apenas como uma
vingança de um anarquista.
OBS.: Respeito a obra de Marx, assim
como de outros grandes pensadores, mas rejeito tomá-la com escritura sagrada,
reflexo da verdade. Aliás, a única diferença entre uma igreja e a universidade
é que esta última pratica uma religião mundana e seus praticantes, uma exegese
de textos de autores ateus, além do culto litúrgico aos “santos” da ciência.
Cuidado
com os barbudos: seminário de psicanálise
I Seminário Psicofilosófico da Sociedade
Psicanalítica das Formigas Estressadas
Com a palavra o mui ilustríssimo,
excelentíssimo, boníssimo, magnânimo Pós-Pós-Pós-Pós-Doc-ator Jeca Lacaio,
Professor Catedrático da Universidade da ETlândia.
Se vocês acompanharam a minha última
conferência, resumida no email intitulado “Ok ok Fofocas Quentinhas” - para
aqueles que não receberam, por favor, eu peço para que deixem os emails de vocês
anotados na lista que esta passando ou enviem uma mensagem para o meu endereço
eletrônico - mas para aqueles que acompanharam a minha última arguição, vocês
devem estar lembrados do tipo de personalidade que eu classifiquei de
estereótipo do "barbudo". Naquele dia, alertei a vocês sobre o
estereótipo do barbudo e, se me lembro bem, pedi para vocês tomarem muito
cuidado com "barbudos", principalmente se eles usam chinelo e se
parecerem com hippies, embora esses barbudos, aos quais mencionei, não sejam
hippies de fato. De fato, eles só querem fazer tipo. De fato! Sim, realmente,
muitas vezes esse estereótipo passa a impressão de ser uma personalidade prafrentex,
descolada, moderninha, que não segue as regras sociais, e até mesmo um pouco
desajustada, mas na verdade é justamente o contrário. Eles apenas mantêm estas
aparências para atingir seus objetivos. Recordemos também que os tipos
fanáticos da maioria das religiões usam barba. Por isso faz todo o sentido o
ditado: quem vê barba não vê cara. (Principalmente se for de pau, como
frequentemente é a deles). Se vocês se lembrarem bem do caso “Karl Marx”, do
seu amor-próprio, do narcisismo, de como manipulava as pessoas à sua volta, de
que, para ele, não passavam de brinquedos para satisfazer seu ego inflacionário
- gostaria de explicar que eu inventei esse conceito, “ego inflacionário”, e
posso-lhes garantir que esse conceito é muito útil para lavar roupas. Bem, como
eu dizia, voltando ao ponto fulcral, o fulcro, ele queria satisfazer seu ego
inflacionário. Vocês saberão bem do eu estou falando quando descobrirem que por
trás do barbudo descolado encontra-se uma personalidade manipuladora, perversa e reacionária. No próximo email, eu selecionarei em anexo alguns exemplos histórico de barbudos
extremamente prejudiciais à espécie humana, do tipo homo sapiens, evidentemente.
Depois, vou compará-los com um outro tipo, o "bigodudo", que, inversamente,
é um tipo bem legal!
Mas não vamos tão de pressa, há exceções
também, não podemos generalizar! Há barbudos e barbudos. De fato, muitos
barbudos legais são descritos na historiografia, por exemplo, o... o... eh?!...
o... sabe aquele? aquele o... Sim, aquele barbudo!... bom, esqueci, mas com
certeza deve haver muitos barbudos legais também.
Cuidado
com os barbudos II: barba e bigode
No século XIX, era moda, entre os
revolucionários, usar barba. Bakunin era barbudo e realmente colocava na
prática aquilo que pensava e escrevia. Lutou em quase todas as rebeliões de seu
tempo e, em 1871, ao 57 anos de idade, debilitado por anos de prisão, deixou
sua residência na Suíça para ir a Paris lutar ao lado dos communards, mas foi
detido na fronteira e mandado de volta para a casa. (Elisée Reclus combateu na
Comuna).
Sem dúvida, Bakunin foi uma exceção.
Bakunin era um barbudo legal!
Bakunin foi um barbudão simpático!
Inversamente, como já vimos, Karl Marx
era cínico, frio e calculista. Com a possibilidade de ver suas aspirações de
formar um movimento operário sob a hegemonia dos alemães sobre os proudhonianos
franceses se concretizarem, Marx se regozijou com a vitória dos alemães
(Prússia) sobre a Comuna. Recordemo-nos de suas palavras novamente:
“Os franceses precisam de levar uma
corça. Se os prussianos saírem vitoriosos a centralização do poder de Estado
será útil à centralização da classe operária alemã. (...) A preponderância, no
teatro do mundo, do proletariado alemão sobre o proletariado francês seria, ao
mesmo tempo, a predominância da nossa teoria sobre a de Proudhon” (Carta de
Marx a Engels, 20.06.1870).
O episódio em questão foi trágico. A
aristocracia e a burguesia abandonaram Paris sitiada e aliaram-se aos inimigos
alemães e o resultado foi uma verdadeira carnificina na qual não foram poupados
nem crianças e idosos nem ninguém!
Marx, ao perceber a comoção que a Comuna
causou entre os trabalhadores europeus, se “retratou”:
“A Paris operária, com a sua Comuna,
será para sempre celebrada como a gloriosa percursora de uma sociedade nova. A
recordação dos seus mártires conserva-se piedosamente no grande coração da classe
operária. Quando aos seus exterminadores, a História já os pregou a um
pelourinho eterno, e todas as orações dos seus padres não conseguirão
resgatá-los” (Karl Marx, Guerra Civil em França, 30.05.1871).
Essa mudança súbita de opinião foi mais
uma tentativa ardilosa de Marx mascarar os fatos a seu favor (e, sem o menor
arrependimento, declarar que a Comuna era a maior expressão do que seria a
ditadura do proletariado). Mas, com que amargor Marx deve ter escrito essas
linhas, já que o revolucionários da Comuna eram todos adeptos do federalismo
anti-estatal proudhonianos ou blanquistas!
Já vimos no texto “O paradeiro de
Frederick Lewis Demuth”, como Marx estava impregnado de valores modernos, e
separava muito bem a esfera pública da privada; agora vemos uma pequena amostra
de seu maquiavelismo.
Marx e Engels, socialistas de gabinete
(não da práxis), deixaram a barba crescer e se infiltraram entre os
revolucionários com a intenção de impor seu socialismo centralizador,
burocrático e estatal, que denominavam de científico, aproveitando-se do
cientificismo da época, e taxando seus adversários de utópicos, quando o que
estava em jogo era só uma disputa pelo poder na Internacional.
Quantas vezes nos vemos em situação
parecida? Quando nos confrontamos com pessoas que dizem compreender um método
infalível e utilizam da “autoridade” de determinados autores para fazer valer
seus interesses (pessoais, particulares!).
Mas isso não vem ao caso.
Há muitos personagens na história que
usavam barba e não eram gente fina (imagens a abaixo).
Mas, bigode, pode ser diferente, como
podemos constatar ao observarmos o bigodudo esquisitão aí da foto!
Um
ET na USP
Alô, alô... Câmbio, testando...
Positivo, operante... Estabelecendo contato com terráqueos...
Cenouras e senhores, eis me de
retorno. (Reservo-me ao meu direito inalienável de preservar em sigilo total e
absoluto o meu paradeiro anterior).
Estou escrevendo para manifestar o meu
profundo repúdio a algumas acusações injustas contra a ilibada honra de minha
exata e exclusiva pessoa. Nos últimos tempos, tenho sido vítima de zombarias,
de chacota, minha reputação foi jogada na lama, sofro todo tipo de difamação e
caí em descrédito perante a sociedade. Meus adversários, inclusive, têm me
assacado com aleivosias! Questionam a minha sanidade mental, o meu perfeito
juízo. Chamaram-me até de lunático (nesse ponto eles não estão totalmente
errados). E chegam mesmo à ousadia de suspeitar dos meus hábitos alimentares,
que consistem em sorver pela manhã uma dose de champignons vitaminados. (Mas,
caros correligionários, eu vos pergunto: o que há de errado com champignons
enriquecidos com Omega 3 e 6 no café da manhã?!!!). Todavia, hoje vou
calar meus detratores e apresentar provas concretas do cataclisma
civilizacional:
ATENÇÃO: Inacreditavelmente, bem diante
de nossos focinhos, há um ser extraterrestre - E.T. - no campus da USP. Vejam com seus
próprios olhos:
O meliante se adencontra bem de fronte na portaria principal - P1 - no perímetro circunscrito à cidade universitária,
numa rotatória. Tal entidade alienígena zela o portal e vigia todos os que adentram e os que adsaem da
dita cuja cidade universitária.
(É incrível como passamos diariamente
por esses alienígenas e nem nos damos conta. Essa é a maior prova de que ETs
existem e estão adentre nós!)
Num próximo-eventual email, talvez,
enviarei mais informações sobre esse famigerado alienígena.
Puxa, esqueci meu guarda-chuva em
Aldebaran! Até logo mais.
PS.: Todos estes textos surgiram de uma brincadeira que fiz com colegas quando eu participava de um grupo de email.
Para encerrar, gostaria de dizer que sou leitor e admirador da obra de Marx e de outros marxistas, só evito uma postura dogmática diante de suas concepções. Ler Marx também não me impede de ler e admirar a obra de Weber e muitos outros. Também me é inadmissível se fechar numa escola, por exemplo, uma "geografia anarquista" e ter seus próprios heróis. Pensar não é como torcer para um time de futebol. O que não significa dizer que não se deva assumir claramente uma posição política. [Todos assumem de uma forma ou de outra, ainda que de maneira tácita]. O livre-pensador deve questionar tudo e não abdicar ter suas próprias conclusões sobre o mundo.
Posts relacionados:
Kurz Circuito 1, Kurz circuito 3, Kurz circuito 4, Kurz circuito 5, Kurz circuito 6
Posts relacionados:
Kurz Circuito 1, Kurz circuito 3, Kurz circuito 4, Kurz circuito 5, Kurz circuito 6
Nenhum comentário:
Postar um comentário