quinta-feira, 15 de março de 2018

O PLANO B DO PT: PLIM! PLIM!


por Casimiro de Castro dos Santos

Enquanto a militância do PT empunha a honrosa bandeira “Lula 2018”, a cúpula do partido, a portas fechadas, prepara-se para uma traição abominável.

O objetivo é o êxito eleitoral no próximo pleito. Evidentemente, nesse sentido, o partido não age por idealismo, mas por instinto de sobrevivência, por puro cálculo político.

Para lograr este objetivo, o partido precisa da anuência da Rede Globo e passar por sua rigorosa sabatina. Ou, melhor dizendo, pedir a benção à poderosa emissora de televisão da família Marinho.

Na atual conjuntura, Lula é inviável. A classe média branca e “branca”, público que compõe majoritariamente a audiência da Globo, tem verdadeira ojeriza pelo ex-presidente sindicalista.

Diante de tais circunstancias, não resta ao PT senão descartar o maior líder popular da história recente do Brasil e apresentar um candidato palatável a essa mesma classe média manipulada. Um candidato “mocinho de novela”, que seja um anti-Bolsonaro e, ao mesmo tempo, ocupe o vácuo deixado por Doria e Hulk. Um candidato razoável. Um Emmanuel Macron brasileiro. Numa palavra, um Collor do PT.

Para convencer suas bases, o PT mobiliza os ditos blogs “progressistas”, todos, aliás, com o rabo preso ao PIG, remunerados pelo próprio partido ou até mesmo financiados pela especulação internacional (exceção feita ao Duplo Expresso), em torno de um “plano B”.

Para o PT, não há escolha.

Apesar do PT guardar traumas pelas eleições de 1989 e, recentemente, o golpe de 2016, capitaneado, segundo a militância, pela Globo, em meio a cantos e palavras de ordem “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” e “a verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura” etc., os petistas ignoram – ou fingem ignorar – que essa mesma Globo ajudou a eleger Lula em 2002.

Para isso, a emissora de televisão acionou sua mais poderosa arma em prol da campanha eleitoral de Lula: uma novela das nove.

Ao fim do desastroso segundo mandato de FHC, foi ao ar em pleno horário nobre a novela “Porto dos Milagres”, de 5 de fevereiro a 28 de setembro de 2001.

“Porto dos Milagres” sinalizava o grande pacto nacional que se anunciava entre os (antes) terríveis “comunistas” do PT e as classes dominantes do país.

A trama da novela girava em torno do vilão Felix Guerreiro (Antônio Fagundes), um político corrupto, e o herói Guma (Marcos Palmeira), um simples pescador.

Diretamente inspirada nas obras de Jorge Amado “Mar Morto” e "A Descoberta da América pelos Turcos", mas com direito a MUITA liberdade de criação do autor da novela, a novela apresentava as peripécias do personagem Guma. Homem do povo, Guma é um marinheiro respeitado na comunidade de pescadores da cidade ficcional de Porto dos Milagres. Na verdade, filho do irmão gêmeo de Félix, o proprietário de terras Bartholomeu, assassinado pela esposa daquele, para que o vilão assumisse os negócios da família, Guma fora encontrado pelo pescador Frederico, já que, ameaçado pela sua condição de herdeiro, para salvá-lo, sua mãe o deixou à deriva numa cesta em pleno mar aberto. Para aumentar a carga de dramaticidade da novela, o humilde pescador acaba ainda por se apaixonar por Lívia, nora de Felix. Entre indas e vindas, o embate entre Felix e Guma é inevitável e culmina num antagonismo político. Líder dos marinheiros, Guma se candidata à prefeitura da cidade pelo Partido das Causas Trabalhistas, enquanto Felix disputa o governo do Estado pelo Partido da Vanguarda Democrática. No último capítulo da novela, ambos vencem as eleições, mas Felix é assassinado por sua amante, Rosa Palmeirão, tendo fim seu passado de impunidade. Guma, ao contrário, inaugura uma nova era prosperidade em Porto dos Milagres, na qual seu discurso de posse deixa apenas entrever:

“Eu sou um homem de pouco estudo, que tive que muito cedo ir pro mar trabalhar, mas aprendi a ser honesto e a sonhar com um mundo melhor. E é com toda humildade que eu prometo um novo tempo pra nossa cidade, sem corrupção, sem preconceito e com muita dedicação aos problemas do povo. Eu conto com a ajuda de vocês meus amigos, nessa aliança entre a modernidade e a tradição. Gostaria também de pedir a benção a Deus, a Iemanjá, e a todos os credos e religiões, que protejam Porto dos Milagres, que protejam a Bahia, que protejam o Brasil. Com muita trabalho e fé, eu tenho certeza que a gente vai ter uma vida mais feliz e eu espero que o arco dessa aliança espalhe sua luz por toda a terra. É isso que eu espero, gente”.

Muito revelador é também a caracterização maniqueísta dos dois personagens.

Misto de Toninho Malvadeza com FHC, Felix aparece sempre de terno e gravata, bem penteado, arrogante, maquiavélico.


Já Guma veste roupas modestas, é simplório em seu jeito e falar, humilde, puro, mas de caráter transparente e honesto, cunhado pela vida árdua de homem do povo, em que o trabalho é o único valor.


Se de fato, como ensina as técnicas de propaganda e comunicação, mensagens subliminares podem influenciar tendências, não se pode subestimar os efeitos desta caracterização no imaginário popular.

Neste mesmo sentido, tal é a referência direta entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido das Causas Trabalhistas ou, por outro lado, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e o Partido da Vanguarda Democrática, que é óbvia demais.

Ainda mais surpreendente é a assonância, isto é, a semelhança fonética, entre os nomes de Guma e Lula ou a aliteração das consoantes iniciais de Félix e Fernando (Henrique Cardoso).

Muita teoria da conspiração?

A novela "Porto dos Milagres" terminou com um recorde de audiência. O último capítulo teve média de 61 pontos no ibope e picos de 65 pontos (cada ponto equivale a 80 mil espectadores na Grande SP), obtendo a melhor média de uma série de novelas passadas.

No ano seguinte, William Bonner fechou uma edição do telejornal JN fazendo pesadas críticas ao Governo FHC e as privatizações generalizadas de sua gestão (algo que na época me fez comentar à minha irmã: “Acho que a Globo está apoiando o Lula”).

Depois veio a “Carta aos Brasileiros”, redigida por Antônio Palocci sob o beneplácito e a aprovação de João Marinho, um dos proprietários da Globo.

Já no governo Lula, Palocci, então chefe da casa civil, com dinheiro do BNDS, teria salvado a Globo da falência, como sugeriu em depoimento o mesmo Palocci ao juiz da Lava-Jato.

O Partido dos Trabalhadores não saiu de sintonia com o plim plim.

O legado de 13 anos de governo: o PT transferiu a dívida externa a juros de 4% ao ano para a dívida interna a juros 19,5% ano; os bancos obtiveram sucessivos lucros recordes; a auditoria da dívida pública, prevista pela Constituição Federal, jamais foi cogitada; milhares de cargos foram distribuídos a compadres, líderes sindicais e de movimentos sociais; os movimentos sociais foram anestesiados, os sindicatos aparelhados e as massas desmobilizadas; a reforma agrária e urbana não andou um palmo; a reforma tributária, taxando os mais ricos, não saiu do plano da retórica, aliás, tarde demais; a reforma política também ficou nas boas intenções; o partido se aliou, em nome da governabilidade, aos gangsteres da política brasileira; uma elite branca de milionários e nouveaux riches, distantes das bases, monopolizou o partido e governou em causa própria; etc.

Por outro lado, o PT acertou na política externa e, do ponto de vista econômico, no fomento à indústria nacional e na geração de empregos.

O maior mérito da gestão PT, porém, foi a denúncia, através de políticas públicas, do nível de espoliação avassalador ao qual povo brasileiro é submetido, ao “colocar o pobre no orçamento”.

Reservando uma ínfima parte do orçamento a políticas compensatórias, houve uma transformação significativa na vida de milhares de pessoas Brasil afora. Todavia, os 85 reais oferecidos por pessoa a famílias que vivem em situação de pobreza, com rendimento familiar mensal de até R$ 170,00, o Bolsa Família não alterou nem de longe a estrutura de desigualdade extrema da sociedade brasileira, que também produziu, no mesmo período, um Eike e um Joesley Batista.

Seus méritos foram também seus pecados. A crise econômica colocou a política do PT em xeque e a geopolítica o tornou indesejável.

O grande acordo nacional, com o supremo, com tudo – o impeachment fraudulento da presidenta Dilma – incluía também o Partido dos Trabalhadores. O acordo implicava a subsistência política de todos os partidos. Daí o seu silêncio.

No presente momento, no pacotão do acordo, o PT procura, de um lado, salvar Lula da prisão e, de outro, um “plano B” que possa agradar a Rede Globo: um candidato dos ricos.

Este candidato, que já articula alianças dentro e fora do partido, é Fernando Haddad, o prefeito do bairro nobre dos Jardins – não da cidade de São Paulo!!!


Sim, o prefeito que perdeu a reeleição nos bairros mais pobres da cidade, antigos redutos do PT, para os segundo e terceiro colocados, obtendo votação expressiva apenas no bairro nobre de Pinheiros, e que, fato inédito na cidade de São Paulo, foi vencido no primeiro turno, em primeiro lugar, para a abstenção e, em segundo, para o candidato da oposição.

O ex-prefeito que covardemente acusou o Movimento Passe Livre (que não chega a ter 50 militantes) de derrubar o governo Dilma por causa de 20 centavos quando, na verdade, abdicou de suas responsabilidades de negociação a uma reivindicação justa. Talvez o ex-prefeito não sabe, talvez porque nunca andou de ônibus, como é fundamental para um estudante de baixa renda, até mesmo para dar continuidade aos seus estudos, o passe-livre. Que vá de bicicleta para a escola ou faculdade, ainda que estas fiquem do outro lado da cidade!

O “plano B” do PT é mais uma de suas capitulações, e terá reflexo direto nas próximas eleições. O partido será praticamente banido do cenário político.

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O triplex do Lula: a fraude eleitoral do PT


quinta-feira, 8 de março de 2018

OS DONOS DE FOUCAULT

Precisamos falar sobre a vaidade na vida acadêmica


por Rosana Pinheiro-Machado

Combater o mito da genialidade, a perversidade dos pequenos poderes e os "donos de Foucault" é fundamental para termos uma universidade melhor

A vaidade intelectual marca a vida acadêmica. Por trás do ego inflado, há uma máquina nefasta, marcada por brigas de núcleos, seitas, grosserias, humilhações, assédios, concursos e seleções fraudulentas. Mas em que medida nós mesmos não estamos perpetuando esse modus operandi para sobreviver no sistema? Poderíamos começar esse exercício auto reflexivo nos perguntando: estamos dividindo nossos colegas entre os “fracos” (ou os medíocres) e os “fodas” (“o cara é bom”).

As fronteiras entre fracos e 'fodas' começam nas bolsas de iniciação científica da graduação. No novo status de bolsista, o aluno começa a mudar a sua linguagem. Sem discernimento, brigas de orientadores são reproduzidas. Há brigas de todos os tipos: pessoais (aquele casal que se pegava nos anos 1970 e até hoje briga nos corredores), teóricas (marxistas para cá; weberianos para lá) e disciplinares (antropólogos que acham sociólogos rasos generalistas, na mesma proporção em que sociólogos acham antropólogos bichos estranhos que falam de si mesmos).

A entrada no mestrado, no doutorado e a volta do doutorado sanduíches vão demarcando novos status, o que se alia a uma fase da vida em que mudar o mundo já não é tão importante quanto publicar um artigo em revista qualis A1 (que quase ninguém vai ler).

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dizíamos que quando alguém entrava no mestrado, trocava a mochila por pasta de couro. A linguagem, a vestimenta e o ethos mudam gradualmente. E essa mudança pode ser positiva, desde que acompanhada por maior crítica ao sistema e maior autocrítica – e não o contrário.

A formação de um acadêmico passa por uma verdadeira batalha interna em que ele precisa ser um gênio. As consequências dessa postura podem ser trágicas, desdobrando-se em dois possíveis cenários igualmente predadores: a destruição do colega e a destruição de si próprio.

O primeiro cenário engloba vários tipos de pessoas (1) aqueles que migraram para uma área completamente diferente na pós-graduação; (2) os que retornaram à academia depois de um longo tempo; (3) os alunos de origem menos privilegiada; (4) ou que têm a autoestima baixa ou são tímidos. Há uma grande chance destas pessoas serem trituradas por não dominarem o ethos local e tachadas de “fracos”.

Os seminários e as exposições orais são marcados pela performance: coloca-se a mão no queixo, descabela-se um pouco, olha-se para cima, faz-se um silêncio charmoso acompanhado por um impactante “ãaaahhh”, que geralmente termina com um “enfim” (que não era, de fato, um “enfim”). Muitos alunos se sentem oprimidos nesse contexto de pouca objetividade da sala de aula. Eles acreditam na genialidade daqueles alunos que dominaram a técnica da exposição de conceitos.

Hoje, como professora, tenho preocupações mais sérias como estes alunos que acreditam que os colegas são brilhantes. Muitos deles desenvolvem depressão, acreditam em sua inferioridade, abandonam o curso e não é raro a tentativa de suicídio como resultado de um ego anulado e destruído em um ambiente de pressão, que deveria ser construtivo e não destrutivo.

Mas o opressor, o “foda”, também sofre. Todo aquele que se acha “bom” sabe que, bem lá no fundo, não é bem assim. Isso pode ser igualmente destrutivo. É comum que uma pessoa que sustentou seu personagem por muitos anos, chegue na hora de escrever e bloqueie.

Imagine a pressão de alguém que acreditou a vida toda que era foda e agora se encontra frente a frente com seu maior inimigo: a folha em branco do Word. É “a hora do vâmo vê”. O aluno não consegue escrever, entra em depressão, o que pode resultar no abandono da tese. Esse aluno também é vítima de um sistema que reproduziu sem saber; é vítima de seu próprio personagem que lhe impõe uma pressão interna brutal.

No fim das contas, não é raro que o “fraco” seja o cavalinho que saiu atrasado e faça seu trabalho com modéstia e sucesso, ao passo que o “foda” não termine o trabalho. Ademais, se lermos o TCC, dissertação ou tese do “fraco” e do “foda”, chegaremos à conclusão de que eles são muito parecidos.

A gradação entre alunos é muito menor do que se imagina. Gênios são raros. Enroladores se multiplicam. Soar inteligente é fácil (é apenas uma técnica e não uma capacidade inata), difícil é ter algo objetivo e relevante socialmente a dizer.

Ser simples e objetivo nem sempre é fácil em uma tradição “inspirada” (para não dizer colonizada) na erudição francesa que, na conjuntura da França, faz todo o sentido, mas não necessariamente no Brasil, onde somos um país composto majoritariamente por pessoas despossuídas de capitais diversos.

É preciso barrar imediatamente este sistema. A função da universidade não é anular egos, mas construí-los. Se não dermos um basta a esse modelo a continuidade desta carreira só piora. Criam-se anti-professores que humilham alunos em sala de aula, reunião de pesquisa e bancas. Anti-professores coagem para serem citados e abusam moral (e até sexualmente) de seus subalternos.

Anti-professores não estimulam o pensamento criativo: por que não Marx e Weber? Anti-professores acreditam em lattes e têm prazer com a possibilidade de dar um parecer anônimo, onde a covardia pode rolar às soltas.

O dono do Foucault

Uma vez, na graduação, aos 19 anos, eu passei dias lendo um texto de Foucault e me arrisquei a fazer comparações. Um professor, que era o dono do Foucault, me disse: “não é assim para citar Foucault”.

Sua atitude antipedagógica, anti-autônoma e anti-criativa, me fez deixar esse autor de lado por muitos anos até o dia em que eu tive que assumir a lecture “Foucault” em meu atual emprego. Corrigindo um ensaio, eu quase disse a um aluno, que fazia um uso superficial do conceito de discurso, “não é bem assim...”.

Seria automático reproduzir os mecanismos que me podaram. É a vingança do oprimido. A única forma de cortamos isso é por meio da autocrítica constante. É preciso apontar superficialidade, mas isso deve ser um convite ao aprofundamento. Esquece-se facilmente que, em uma universidade, o compromisso primordial do professor é pedagógico com seus alunos, e não narcisista consigo mesmo.

Quais os valores que imperam na academia? Precisamos menos de enrolação, frases de efeitos, jogo de palavras, textos longos e desconexos, frases imensas, “donos de Foucault”. Se quisermos que o conhecimento seja um caminho à autonomia, precisamos de mais liberdade, criatividade, objetividade, simplicidade, solidariedade e humildade.

O dia em que eu entendi que a vida acadêmica é composta por trabalho duro e não genialidade, eu tirei um peso imenso de mim. Aprendi a me levar menos a sério. Meus artigos rejeitados e concursos que fiquei entre as últimas colocações não me doem nem um pouquinho. Quando o valor que impera é a genialidade, cria-se uma “ilusão autobiográfica” linear e coerente, em que o fracasso é colocado embaixo do tapete. É preciso desconstruir o tabu que existe em torno da rejeição.

Como professora, posso afirmar que o número de alunos que choraram em meu escritório é maior do que os que se dizem felizes. A vida acadêmica não precisa ser essa máquina trituradora de pressões múltiplas. Ela pode ser simples, mas isso só acontece quando abandonamos o mito da genialidade, cortamos as seitas acadêmicas e construímos alianças colaborativas.

Nós mesmos criamos a nossa trajetória. Em um mundo em que invejas andam às soltas em um sistema de aparências, é preciso acreditar na honestidade e na seriedade que reside em nossas pesquisas.

Transformação

Tudo depende em quem queremos nos espelhar. A perversidade dos pequenos poderes é apenas uma parte da história. Minha própria trajetória como aluna foi marcada por orientadoras e orientadores generosos que me deram liberdade única e nunca me pediram nada em troca.

Assim como conheci muitos colegas que se tornaram pessoas amargas (e eternamente em busca da fama entre meia dúzia), também tive muitos colegas que hoje possuem uma atitude generosa, engajada e encorajadora em relação aos seus alunos.

Vaidade pessoal, casos de fraude em concursos e seleções de mestrado e doutorado são apenas uma parte da história da academia brasileira. Tem outra parte que versa sobre criatividade e liberdade que nenhum outro lugar do mundo tem igual. E essa criatividade, somada à colaboração, que precisa ser explorada, e não podada.

Hoje, o Brasil tem um dos cenários mais animadores do mundo. Há uma nova geração de cotistas ou bolsistas Prouni e Fies, que veem a universidade com olhos críticos, que desafiam a supremacia das camadas médias brancas que se perpetuavam nas universidades e desconstroem os paradigmas da meritocracia.

Soma-se a isso o frescor político dos corredores das universidades no pós-junho e o movimento feminista que só cresce. Uma geração questionadora da autoridade, cansada dos velhos paradigmas. É para esta geração que eu deixo um apelo: não troquem o sonho de mudar o mundo pela pasta de couro em cima do muro.

Rosana Pinheiro-Machado é cientista social e antropóloga. Professora do departamento de Desenvolvimento Internacional da Universidade de Oxford.

Fonte: CartaCapital