domingo, 8 de março de 2020

TENDÊNCIA: MULHERES CHEFAS DE FAMÍLIA


Pesquisa Seade – Mulheres e arranjos familiares na metrópole

Sobre a Pesquisa Seade

Objetivo: analisar atributos da população residente na Região Metropolitana de São Paulo e aspectos da vida no espaço urbano.

Estrutura da pesquisa:

• Questionário fixo: captação de atributos da população Þ perfis demográfico e educacional, trabalho, renda e moradia

• Questionário variável: temas específicos e relacionados a espaço urbano e políticas públicas Þmobilidade urbana; uso de aplicativo no trabalho; atividade física; acesso à informação

Coleta de dados: aplicação de questionário em visita domiciliar, para todos os moradores.

Público-alvo: população residente na Região Metropolitana de São Paulo.

Amostra: 2.100 domicílios/mês.

Mulheres e arranjos familiares na metrópole de São Paulo

Este módulo analisa aspectos da vida das mulheres chefes de família* na Região Metropolitana de São Paulo.

Aspectos analisados:

• características das famílias chefiadas por mulheres;

• diferenças no padrão de renda domiciliar por sexo do chefe;

• deslocamentos dos chefes de família no espaço urbano.

Período de referência: 2º semestre de 2019.

* Chefe de família = pessoa considerada pelos moradores como o principal responsável pelo domicílio.

Arranjos familiares na RMSP

Diversidade de composição é um traço cada vez mais característico das famílias da RMSP.


39% das famílias são chefiadas por mulheres.

Em cada 100 famílias da RMSP*:

• somente 36 têm o formato casal com filhos chefiado por homem;

• 16 são casais sem filhos, sendo a maioria chefiada por homens;

• 15 são unipessoais, ou seja, pessoas vivendo sozinhas, situação mais usual entre as mulheres;

7% das famílias da RMSP são estendidas, ou seja, os netos estão morando com avós, a maioria com a presença dos pais.

(*) Com ou sem outro(s) parente(s) e/ou agregado(s) /convivente(s).

AS FAMÍLIAS CHEFIADAS POR MULHERES NA RMSP

Diversidade de composição das famílias chefiadas por mulheres na RMSP é grande

Arranjo mais usual entre as famílias chefiadas por mulheres continua sendo aquele em que a mulher vive apenas com filhos e/ou netos, sem cônjuge.

Parcela de famílias chefiadas por mulheres em que elas chefiam o casal, com ou sem filhos, já alcança 24%.


Mulheres vivendo sozinhas equivalem também a 24% do total de famílias chefiadas por mulheres.

65% das famílias chefiadas por mulheres não têm filhos e/ou netos menores de 18 anos em sua composição.

 Entre o conjunto de famílias chefiadas por mulheres que têm filhos e/ou netos menores de 18 anos, pouco mais de um terço corresponde a casal chefiado por mulher.

Famílias chefiadas por mulheres são mais “velhas” do que as chefiadas por homens


Idade média das mulheres chefes de família corresponde a 53,8 anos, superior à dos homens chefes (49,4 anos).

40% das mulheres chefes de família têm mais de 60 anos; entre os homens chefes de família, 27% estão nessa faixa etária.

Coerente com a idade mais elevada, mais da metade das mulheres chefes de família não estão ocupadas, situação de apenas 28% dos homens chefes.

Renda média das famílias chefiadas por mulheres corresponde a R$ 2.646, 73% da renda das famílias chefiadas por homens


Diferencial se reproduz em toda a estrutura de rendimentos: famílias chefiadas por mulheres dispõem sempre de rendimento cerca de 30% inferior ao das chefiadas por homens.

Desigualdade se reproduz também entre as famílias chefiadas por mulheres: a renda mínima daquelas no topo da pirâmide corresponde a 3 vezes o máximo obtido por aquelas na base da pirâmide.

Em termos per capita, a desigualdade é marcante:

• em média, as famílias chefiadas por mulheres dispõem de R$ 41/dia, valor que sobe para R$ 46/dia entre as chefiadas por homens;

• as famílias chefiadas por mulheres entre os 25% mais pobres dispõem de R$ 17/dia, no máximo; as que estão entre as 25% de maior renda obtêm R$ 48/dia, no mínimo.

Renda das famílias chefiadas por mulheres depende mais do sistema previdenciário

Trabalho é única fonte de renda para 44% das famílias chefiadas por mulheres, situação de 59% das chefiadas por homens.

Para 19% das famílias chefiadas por mulheres, a renda domiciliar provém exclusivamente de pensões e aposentadorias.

Entre as mulheres vivendo sozinhas (idade média de 61,4 anos), a parcela que recebe apenas pensão e aposentadoria cresce para 44%.


Renda média das famílias chefiadas por mulheres que somente recebem pensão e aposentadoria corresponde a R$ 1.714, o menor valor médio. ü 7% do total de famílias na região metropolitana estão nessa situação.

Há mais famílias chefiadas por mulheres do que por homens recebendo benefícios de programas sociais


10,9% das famílias chefiadas por mulheres na RMSP recebem benefício de programas sociais, parcela superior à daquela chefiada por homens (7,7%).

Na capital, a proporção de famílias chefiadas por mulheres que recebem benefícios de programas sociais é menor que nos demais municípios da RMSP (9% e 14%, respectivamente).

Entre as famílias chefiadas por mulheres, as que mais recebem benefícios de programas sociais são aquelas que vivem sem cônjuge com filhos e/ou netos. Entre as chefiadas por homens, são casais com filhos e/ou netos.

1,1 milhão de pessoas vivem em famílias chefiadas por mulheres que recebem benefícios de programas sociais.


Mulheres com filhos e/ou netos e mulheres vivendo sozinhas: um olhar sobre os dois perfis típicos de famílias chefiadas por mulheres


Idade média das mulheres vivendo sozinhas é de 61,4 anos; a das chefes com filhos e/ou netos corresponde a 54,5 anos.

Mulheres vivendo sozinhas dependem mais de aposentadorias e pensões do que as chefes com filhos e/ou netos.

Mulheres com filhos e/ou netos e mulheres vivendo sozinhas: um olhar sobre os dois perfis típicos de famílias chefiadas por mulheres


Há mais mulheres vivendo sozinhas no Centro Ampliado do MSP e mais famílias chefiadas por mulheres com filhos e/ou netos na região Sul.

Renda das famílias chefiadas por mulheres com filhos e/ou netos é 47% maior do que a das mulheres vivendo sozinhas.

 Mas a renda per capita das mulheres sozinhas (R$ 57/dia) é superior à das chefes com filhos e/ou netos (R$ 31/dia).

DESLOCAMENTOS DAS CHEFES DE FAMÍLIA: DESIGUALDADES NO USO DO TEMPO

Mulheres chefes de família vão mais ao comércio do dia a dia, a atividades religiosas e a serviços de saúde do que homens


Homens chefes mencionam com mais frequência saídas para atividades de lazer e práticas esportivas.

Com o aumento da idade, cresce a parcela de homens e mulheres chefes que saem para buscar serviços de saúde.

No caso das mulheres, também aumenta a proporção daquelas que vão a atividades religiosas.

Em famílias chefiadas por mulheres com filhos menores de 18 anos, o deslocamento para levar ou buscar pessoas na escola ou no trabalho é lembrado por 14% delas, o dobro do percentual de homens chefes.

Posição na família x sexo: há diferenças de gênero no padrão de deslocamento*?

Mulheres chefes de família se deslocam com menos frequência para visitas, lazer e práticas esportivas do que os homens chefes e as cônjuges mulheres, indício de sobrecarga de outras atividades.


Proporção de mulheres chefes que se deslocam para levar outras pessoas ao trabalho/escola é superior à de chefes homens e similar à de mulheres cônjuges, possivelmente pela maior responsabilidade das mulheres no cuidado da família.

Chefes de família e mulheres cônjuges se deslocam com mais frequência para atividades religiosas do que os homens chefes.

19% das mulheres chefes de família não saem de casa, exceto para estudar ou trabalhar


Mulheres chefes saem mais de casa no dia a dia e/ou nos finais de semana do que os homens chefes: 19% delas afirmam que não costumam sair, proporção que chega a 22% entre eles.

Motivos para não sair são distintos:

• falta de dinheiro é a justificativa dada por 27% das mulheres chefes, parcela superior à de homens chefes;

• entre os homens chefes, quase 60% afirmam não sair por preferir ficar em casa, razão dada por 43% das mulheres chefes.

Definições metodológicas

Conceito de renda domiciliar: rendimentos de todos os trabalhos atuais e passados das pessoas de 14 anos e mais (segurodesemprego, PIS, verbas rescisórias, aposentadorias, pensões e outros auxílios da previdência, pensões alimentícias, aluguéis e aplicações financeiras, bolsas de estudo, doações monetárias) agregados aos benefícios de programas governamentais (Bolsa Família, BPC e outros programas de transferência de renda).

Deslocamentos: o questionário contém a lista de destinos abaixo, podendo o entrevistado citar todos que se adequam ao seu perfil.

• Serviços de saúde – ir ao médico, dentista, exames, hospitais, clínicas, postos de saúde, etc.

• Comércio do dia a dia – padaria, açougue, mercado, quitanda, varejão, mercearia, farmácia, feira, etc.

• Outras compras – roupas, calçados, supermercados, hipermercados, etc.

• Atividades religiosas – Igreja, culto, entidades religiosas, etc.

• Levar ou buscar pessoas na escola ou no trabalho. 

• Cursos (exceto escolas de ensino formal).

• Visitar parentes, amigos, conhecidos, namorados.

• Lazer – passear, bares, ir ao shopping center, etc.

• Cultura – cinema, teatro, biblioteca, shows, etc.

• Praticar atividade esportiva – academia, clubes esportivos, fazer caminhada, ir a parques, jogar futebol, etc.

• Locais de serviços – banco, lotérica, etc.

• Outros locais.