sábado, 1 de junho de 2019

A CHINA NO MERCADO MUNDIAL



A China é um elemento muito importante de estabilidade do capitalismo mundial. Para estabilizar a própria China o governo do presidente Xi Jinping aplicou uma política ultra bonapartista, enquadrando até os bilionários chineses que faziam com que o país corresse o risco de quebrar. Criou uma forte campanha contra a corrupção, impediu a fuga de capitais, concentrou o controle das grandes empresas e, a partir daí, direcionou a economia para um capitalismo de Estado muito mais controlado.

A disputa entre Estados Unidos e China nesse momento é justamente quem vai incluir a China no mercado mundial e com qual política.   A burocracia chinesa precisa se transformar numa potência imperialista, o que ela está buscando por meio de toda uma série de medidas, com grandes investimentos no exterior. Só na Europa Oriental nos últimos dez anos foram investidos US$ 300 bilhões. Na Europa Ocidental tenta adquirir tecnologia e para isso usa dois programas, o Novo Caminho da Seda e o Made in China 2025.

A aquisição pela China de uma empresa alemã de robótica de primeira linha, KUKA-AG, deixou o imperialismo extremamente nervoso. A China está implantando bases militares em vários lugares, por enquanto basicamente na Ásia, em Mianmar e no Sri Lanka. Porém, já comprou o porto de Pireus em Atenas, Grécia e implantou uma base naval em Djibouti, país localizado no nordeste da África.

Essa necessidade de expansão comercial chinesa se deve a uma capacidade industrial ociosa enorme e também devido a que precisa manter a estabilidade de uma população gigantesca.

A relativa estabilidade chinesa

A estabilidade chinesa é visível, ao contrário do que se propaga, de que o país está à beira de uma revolução, que tem greve todo dia, etc. Teve uma grande greve em 2012 na Foxconn, fabricante do IPhone, devido a condições abusivas de trabalho, mas aparentemente  há uma grande estabilidade como pode ser evidenciado na capital do país Beijing, com mais de 20 milhões de habitantes, onde a polícia anda desarmada e está longe de se parecer com a polícia truculenta do Brasil.

Nas cidades de primeiro escalão como Pequim, Xangai, Hangzhou, Cantão e Shenzhen, e também em algumas cidades secundárias como Nanquing os investimentos são enormes, mas feitos em cima de créditos gigantescos. Uma boa parte do emprego que existe na China está relacionada com a construção civil. Existem cidades fantasmas porque o número de prédios é enorme. Como exemplo, um apartamento na periferia de Beijing tem uma mensalidade de aproximadamente  2.500 Yuanes, o equivalente a R$ 2 mil. Ou seja, para comprar um imóvel desses você precisa ter uma renda de, pelo menos, o dobro disso, ou R$ 5 mil. Isso significa que aquele salário de 30 dólares por mês não existe mais.

Para continuar exportando as matérias baratas para o mundo inteiro a China se vê obrigada a trabalhar com essa dicotomia, onde em Xangai, por exemplo, você tem salários de 10 a 15 mil reais e, ao mesmo tempo, se tem salário de 500 reais. Há gente morrendo de fome lá, igual aos bolivianos em São Paulo, dividindo um quarto com mais 20 pessoas.

 O país onde o desenvolvimento da robótica mais cresce é a China, para que esta mantenha os produtos de exportação mais baratos. Com o Novo Caminho da Seda, que é o transporte por via rápida das mercadorias chinesas para a Europa, incorporando todos os países intermediários, isso levará a uma inundação no mundo com mais mercadorias chinesas o que acirra ainda mais as contradições do capital porque, justamente, estamos vivenciando uma crise de superprodução.

Temos um enorme desenvolvimento das forças produtivas, da robótica, da computação, etc., e, por outro lado, devido à apropriação privada dos lucros, tem uma maioria de pessoas cada vez mais pobres, aumentando o desemprego.

Por enquanto, e em grande medida, a situação da Ásia se encontra estável devido à atuação da China em paralelo com a Coreia do Sul e com o Japão, principalmente, onde os problemas de endividamento são muito parecidos. Isso não quer dizer que a crise está sendo superada, mas significa que está sendo chutada para frente.

E a perspectiva é que, mais dia, menos dia, a China e as economias da Ásia oriental entrem em colapso na medida em que a crise capitalista, que é mundial, contamine todo o planeta a partir da explosão de uma bolha financeira que pode acontecer a qualquer momento e em qualquer país.

Fonte: Gazeta Revolucionária