A
China é um elemento muito importante de estabilidade do capitalismo mundial.
Para estabilizar a própria China o governo do presidente Xi Jinping aplicou uma
política ultra bonapartista, enquadrando até os bilionários chineses que faziam
com que o país corresse o risco de quebrar. Criou uma forte campanha contra a
corrupção, impediu a fuga de capitais, concentrou o controle das grandes
empresas e, a partir daí, direcionou a economia para um capitalismo de Estado
muito mais controlado.
A
disputa entre Estados Unidos e China nesse momento é justamente quem vai
incluir a China no mercado mundial e com qual política. A burocracia chinesa precisa se transformar
numa potência imperialista, o que ela está buscando por meio de toda uma série
de medidas, com grandes investimentos no exterior. Só na Europa Oriental nos
últimos dez anos foram investidos US$ 300 bilhões. Na Europa Ocidental tenta
adquirir tecnologia e para isso usa dois programas, o Novo Caminho da Seda e o
Made in China 2025.
A
aquisição pela China de uma empresa alemã de robótica de primeira linha,
KUKA-AG, deixou o imperialismo extremamente nervoso. A China está implantando
bases militares em vários lugares, por enquanto basicamente na Ásia, em Mianmar
e no Sri Lanka. Porém, já comprou o porto de Pireus em Atenas, Grécia e
implantou uma base naval em Djibouti, país localizado no nordeste da África.
Essa
necessidade de expansão comercial chinesa se deve a uma capacidade industrial
ociosa enorme e também devido a que precisa manter a estabilidade de uma
população gigantesca.
A relativa estabilidade
chinesa
A
estabilidade chinesa é visível, ao contrário do que se propaga, de que o país
está à beira de uma revolução, que tem greve todo dia, etc. Teve uma grande
greve em 2012 na Foxconn, fabricante do IPhone, devido a condições abusivas de
trabalho, mas aparentemente há uma
grande estabilidade como pode ser evidenciado na capital do país Beijing, com
mais de 20 milhões de habitantes, onde a polícia anda desarmada e está longe de
se parecer com a polícia truculenta do Brasil.
Nas
cidades de primeiro escalão como Pequim, Xangai, Hangzhou, Cantão e Shenzhen, e
também em algumas cidades secundárias como Nanquing os investimentos são
enormes, mas feitos em cima de créditos gigantescos. Uma boa parte do emprego
que existe na China está relacionada com a construção civil. Existem cidades
fantasmas porque o número de prédios é enorme. Como exemplo, um apartamento na
periferia de Beijing tem uma mensalidade de aproximadamente 2.500 Yuanes, o equivalente a R$ 2 mil. Ou
seja, para comprar um imóvel desses você precisa ter uma renda de, pelo menos,
o dobro disso, ou R$ 5 mil. Isso significa que aquele salário de 30 dólares por
mês não existe mais.
Para
continuar exportando as matérias baratas para o mundo inteiro a China se vê
obrigada a trabalhar com essa dicotomia, onde em Xangai, por exemplo, você tem
salários de 10 a 15 mil reais e, ao mesmo tempo, se tem salário de 500 reais.
Há gente morrendo de fome lá, igual aos bolivianos em São Paulo, dividindo um
quarto com mais 20 pessoas.
O país onde o desenvolvimento da robótica mais
cresce é a China, para que esta mantenha os produtos de exportação mais
baratos. Com o Novo Caminho da Seda, que é o transporte por via rápida das
mercadorias chinesas para a Europa, incorporando todos os países
intermediários, isso levará a uma inundação no mundo com mais mercadorias
chinesas o que acirra ainda mais as contradições do capital porque, justamente,
estamos vivenciando uma crise de superprodução.
Temos
um enorme desenvolvimento das forças produtivas, da robótica, da computação,
etc., e, por outro lado, devido à apropriação privada dos lucros, tem uma
maioria de pessoas cada vez mais pobres, aumentando o desemprego.
Por
enquanto, e em grande medida, a situação da Ásia se encontra estável devido à
atuação da China em paralelo com a Coreia do Sul e com o Japão, principalmente,
onde os problemas de endividamento são muito parecidos. Isso não quer dizer que
a crise está sendo superada, mas significa que está sendo chutada para frente.
E
a perspectiva é que, mais dia, menos dia, a China e as economias da Ásia
oriental entrem em colapso na medida em que a crise capitalista, que é mundial,
contamine todo o planeta a partir da explosão de uma bolha financeira que pode
acontecer a qualquer momento e em qualquer país.
Fonte:
Gazeta Revolucionária
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