por João Monti
Se o discurso do golpe
em relação ao impeachment de Dilma Rousseff foi, por um lado, em grande parte,
propalado pelo PT, por outro, a deslegitimação desse mesmo discurso esta sendo
articulada pelo próprio PT.
Para aqueles que ainda
tinham dúvidas, só pode restar uma desalentadora desilusão. O PT é um partido como
os outros e não tem o menor respeito com seu eleitor. Isso ficou claro com a
indicação do ex-prefeito de São Paulo Haddad para substituir Lula nas eleições
de 2018. Neste jogo espúrio, até Dilma Rousseff está concorrendo ao senado. Sem
dúvida, o que importa, de fato, para o PT, não é a denúncia do golpe de 2016,
mas cargos políticos e as benesses do poder. O que invalida toda a ladainha – a
qual, diga-se passagem, é muito bem fundamentada e verdadeira – da vigência do
Estado de exceção, da ditadura do judiciário, da democracia de fachada etc. Acontece,
entretanto, que no Brasil nunca houve Estado de direito nem democracia (ainda
que burguesa) e o PT não fez nada para mudar este estado de coisas. Muito pelo contrário, o PT preparou o terreno para o golpismo, aprovando leis que dão ampla liberdade para o judiciário julgar e condenar sem amparo legal ou constitucional.
A pequena burguesia
progressista, da qual o PT representa, sempre foi imune às mazelas da sociedade
brasileira e, por isso, a ruptura com a estrutura de exclusão social nunca
esteve realmente na pauta do partido. Assim, a indicação de um quadro político
sem qualquer respaldo popular e que significou um retumbante fracasso político,
já que a gestão Haddad perdeu no primeiro turno, de forma inédita na cidade de
São Paulo, porque se resumia a administrar o bairro nobre de Pinheiros e a
fazer ciclovias (uma faixa vermelha pintada no chão), para o deleite de jovens ciclistas
de classe média alta, é a prova cabal de que o PT é um partido sem qualquer
compromisso com uma transformação radical da sociedade brasileira, apesar da
ideologia fomentada por intelectuais muito bem pagos para dizer o inverso.
A verdade é que o PT nunca
foi um partido socialista, mas um partido pequeno burguês, como todos os
socialistas marxistas, que, assim como as oligarquias nacionais, também visava
aparelhar o Estado e parasitar os recursos produzidos pelo trabalho suado do
povo. Tanto é verdade que quando da greve dos caminhoneiros em maio deste ano a
CUT (este apêndice do PT), covardemente, não convocou greve geral, o que
poderia acirrar a crise e deflagrar uma convulsão social transformadora. Vã ilusão, nem sombra disso. O enfrentamento nunca esteve no horizonte do PT. Pois, afinal, quem quer perder seu posto na direção dos
sindicatos ou da máquina e deixar de mamar nas tetas do governo? Com certeza, nem
sindicalistas nem intelectuais “engajados” nem os políticos profissionais do PT. Socialismo bom, só para inglês ver.
A escolha de Haddad, o burocrata das PPP e concessões, muito bem visto pela banca, o sistema financeiro, é o ápice da capitulação do PT e a sua conciliação
com as oligarquias. Se assim não o fosse, por que o “dedaço” de Lula, que,
supostamente, elegeria até poste, não indicou um militante popular, do
movimento sem-teto ou sem-terra, ou seja, um proletário de verdade, e assim
colocar as eleições em cheque? Ocorre que na direção do PT não há proletários
nem há espaço para eles. Estes, ao contrário, compõe a massa amorfa da
militância, sem qualquer participação ativa e reduzida à simples condição de
marionete movida a pão com mortadela e vinte reais.
Para o PT, cidadania se
reduz ao cabresto do voto nas urnas. E só! Por isso não podia levar adiante o questionamento das eleições e, ao mesmo tempo, a denúncia do golpe de Estado. Dúvidas? Senão, como fazer acreditar em
golpe se o PT jamais deixou de participar de todas as instâncias políticas e
jurídicas? Não seria mais digno e coerente boicotar as eleições ou qualquer manifestação
no âmbito das instituições golpistas, como forma de resistência e chegar ao povo? Longe disso, alianças indecentes já começam a ser tramadas com o que há de mais degradante na política brasileira objetivando o êxito eleitoral. Nada de novo, sob a estrela do PT.
Ora, se eleições sem Lula é fraude, então o PT com Haddad legitima a fraude.
Ora, mas se as eleições são legítimas e o golpe é apena retórica partidária, então, por óbvio, Lula é culpado de todas as acusações na justiça que lhe pesam!!!
Ora, se eleições sem Lula é fraude, então o PT com Haddad legitima a fraude.
Ora, mas se as eleições são legítimas e o golpe é apena retórica partidária, então, por óbvio, Lula é culpado de todas as acusações na justiça que lhe pesam!!!
Não é preciso muito
esforço intelectual para descobrir que o PT fazia parte do “acordo nacional”,
de Romero Jucá, para “estancar a sangria”, que incluía o “Supremo com tudo”.
Pois seria muita condescendência de nossa parte acreditar em uma cretinice
parlamentar deste partido. O termo mais correto é má-fé parlamentar e institucional mesmo.
O voto
nulo é a único modo do povo se fazer representar e dizer NÃO a farsa das eleições.
Não sustente parasitas,
vote nulo!!!
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