“A ânsia de destruir é também o
impulso de criar”. Bakunin escreveu estas palavras em 1842, e os
anarquistas russos ansiaram sempre por uma revolução social que varresse a
ordem czarista e inaugurasse o advento do milênio que seria destituído de
Estado. Em fevereiro de 1917, este sonho, há muito acalentado, parecia
finalmente tornar-se realidade. Quando a rebelião irrompeu em Petrogrado e
reduziu a monarquia a pó, os anarquistas saudaram-na jubilosamente como a
sublevação espontânea das massas que Bakunin tinha previsto cerca de setenta e
cinco anos antes. A revolução convenceu-os de que a Idade do Ouro havia chegado
e que deviam se lançar à tarefa de eliminar o que restava do Estado e
transferir as terras e as fábricas para o controle do povo.
Em questão de semanas,
foram criadas federações anarquistas em Petrogrado e Moscou, com o objetivo de
transformar as capitais irmanadas em comunas igualitárias, tendo por base um
modelo idealizado e consagrado pela lenda que os anarquistas faziam da Comuna
de Paris de 1871. “Da Revolução Social à Comuna Anarquista” eram suas palavras
de ordem – uma revolução destinada a demover o governo e a propriedade, as
prisões e os quartéis, o dinheiro e os lucros, para posteriormente inaugurar
uma sociedade sem Estado, fundada na cooperação voluntária de indivíduos livres.
“Salve a anarquia! Parasitas, governantes e sacerdotes enganadores, tremerão!” [1]
À medida que a
revolução ganhava impulso, o movimento espalhava-se rapidamente para outras
cidades e vilas. Na maioria dos locais, os grupos anarquistas enquadravam-se em
três categorias: anarquistas comunistas, anarcossindicalistas e anarquistas individualistas.
Os anarcocomunistas, inspirandos em Bakunin e Kropotkin, imaginaram uma
federação livre de comunidades na qual cada membro seria recompensado de acordo
com suas necessidades. Projetando o advento do milênio num espelho romântico,
que refletia uma Rússia pré-industrial de comunas agrícolas e cooperativas
artesanais, eles viam pouca utilidade na indústria de grande escala ou nas
organizações laborais burocráticas. Na turbulência que se seguiu à Revolução de
Fevereiro, seus militantes confiscaram uma série de residências privadas - as
mais importantes foram a dacha de P. P. Durnovo, em Petrogrado, e o antigo
Clube dos Mercadores em Moscou (rebatizado de Casa da Anarquia) – para transformá-las
em sede de suas comunas igualitárias.
Os anarcossindicalistas,
por outro lado, depositaram suas esperanças nos comitês de fábrica como células
da futura sociedade libertária. A perspectiva de um novo mundo centrado na
produção industrial não os repelia em nada. Na verdade, por vezes exibiam uma
devoção quase futurista ao culto da máquina. A admiração deles era a mesma dos
ocidentalizadores pelo progresso tecnológico, em contraste com a era
irrecuperável que talvez nunca tivesse existido manifesta no anseio eslavófilo
dos anarquistas comunistas. No entanto, os sindicalistas não cederam a uma
adoração acrítica da produção em massa. Profundamente influenciados por Bakunin
e Kropotkin, anteciparam o perigo que a tecnocracia industrial significava ao
desenvolvimento de uma sociedade descentralizada em organizações laborais nas
quais os trabalhadores pudessem verdadeiramente ser donos do seu próprio destino.
Com o seu slogan de “trabalhadores no controle”, os sindicalistas passaram a exercer
uma influência nos comitês de fábrica bastante desproporcional ao seu pequeno
número. Mas pelo fato de repudiaram um aparelho partidário centralizado
dominante, nunca estiveram em posição de liderar a classe trabalhadora em
grande escala. No final, coube aos bolcheviques, que estavam equipados não só
com uma organização partidária eficaz, mas também com uma vontade consciente de
poder que faltava aos sindicalistas, conquistar a lealdade dos trabalhadores
industriais nos comitês de fábrica e nos sindicatos.
Os anarquistas individualistas
rejeitaram tanto a questão comunal agrário-camponesa quanto a possibilidade de
ficarem presos às engrenagens e alavancas de uma máquina industrial centralizada.
Suspeitam das comunas dos anarquistas comunistas como das organizações
operárias dos sindicalistas. Acreditavam que apenas indivíduos desorganizados
estavam a salvo da coerção e da dominação, o que lhes permitiriam permanecer
fiéis aos ideais do anarquismo. Seguindo o exemplo de Nietzsche e Max Stirner,
exaltavam o “Eu” individual acima das reivindicações coletivas e, em alguns
casos, exibiram um estilo distintamente aristocrático de pensamento e ação. O anarco-individualismo
atraiu um pequeno séquito de artistas e intelectuais boêmios e, ocasionalmente,
bandidos solitários que encontraram expressão para sua exclusão social na
violência e no crime, transformando o assassinato em uma forma última de autoafirmação
e fuga definitiva do tecido discriminatório da sociedade organizada. Aqui e
ali, pelo contrário, grupos tolstoianos pregavam o evangelho da não violência
cristã e, embora tivessem poucos laços com os anarquistas revolucionários, o
seu impacto moral no movimento foi considerável.
Para todos os grupos
anarquistas – anarquistas comunistas, anarcossindicalistas, individualistas –
as grandes esperanças despertadas pela Revolução de Fevereiro rapidamente se
transformaram em amarga decepção. A monarquia foi derrubada e, ainda assim, o
Estado permaneceu de pé. O que aconteceu em fevereiro? perguntou um jornal
anarquista em Rostov-on-Don. “Nada de especial. No lugar de Nicolau, o
Sanguinário, subiu ao trono Kerensky, um novo Sanguinário” [2]. Os anarquistas
não poderiam descansar até que o Governo Provisório, tal como o seu antecessor
czarista, fosse também derrubado. Em pouco tempo, encontraram um ponto em comum
com os seus adversários ideológicos, os bolcheviques, o outro grupo radical na
Rússia que pressionava pela destruição imediata do Estado “burguês”.
A intensa hostilidade
sentida pelos anarquistas em relação a Lenin dissipou-se rapidamente à medida
que 1917 avançava. Impressionados por uma série de declarações ultrarradicais
que Lenin vinha fazendo desde o seu regresso à Rússia, alguns anarquistas
passaram a acreditar que o líder bolchevique tinha tirado a sua camisa de força
do marxismo e vestido uma nova teoria da revolução, bastante semelhante à dos
anarquistas. As Teses de Abril de Lenin, por exemplo, continham uma série de
proposições iconoclastas que os pensadores anarquistas há muito acalentavam: a
transformação da guerra “imperialista predatória” numa luta revolucionária
contra a ordem capitalista; a renúncia ao governo parlamentar em favor de um
regime de sovietes inspirado na Comuna de Paris; a abolição da polícia, do
exército e da burocracia; o nivelamento dos salários [3]. Embora a preocupação
de Lenin com a tomada do poder tenha feito com que alguns hesitassem, não foram
poucos os anarquistas que consideraram as suas opiniões suficientemente
harmoniosas com as suas, para servirem de base para uma possível cooperação.
Quaisquer que fossem as suspeitas que ainda nutriam, foram, por ora, colocadas
de lado. O apelo de Lenin por “uma ruptura e uma revolução mil vezes mais
poderosa que a de fevereiro” [4] tinha um tom distintamente bakuninista e era
precisamente o que a maioria dos anarquistas queria ouvir. Na verdade, um líder
anarquista em Petrogrado estava convencido de que Lenin pretendia inaugurar o
anarquismo quando propôs “definhar o Estado” no momento em que o controle
estatal passasse para as mãos dos revolucionários [5].
Assim aconteceu que,
durante os oito meses que separaram as duas revoluções de 1917, tanto
anarquistas como bolcheviques concentraram todos os seus esforços sobre o mesmo
objetivo: a destruição do governo provisório. Embora persistisse um certo grau
de cautela em ambos os lados, um anarquista proeminente observou que na maioria
das questões vitais existia “um paralelismo perfeito” entre os dois grupos [6].
Os seus slogans – “Abaixo a guerra! Abaixo o governo provisório! Trabalhadores
no controle das fábricas! A terra para os camponeses!” – uniram outrora
antagonistas sob um propósito comum. Quando um conferencista marxista disse a
uma plateia de trabalhadores fabris em Petrogrado que os anarquistas estavam
perturbando a solidariedade do trabalhador russo, um ouvinte irado gritou: “Já
chega! Os anarquistas são nossos amigos!” Uma segunda voz, porém, foi ouvida
murmurando: “Deus nos salve desses amigos!” [7]
Embora os anarquistas e
os bolcheviques estivessem unidos na sua determinação de derrubar o governo provisório,
surgiu uma discórdia entre eles quanto à questão do momento certo para isso.
Durante a primavera e o verão de 1917, os militantes anarquistas comunistas na
capital e em Kronstadt pressionaram por um levante imediato, enquanto o comitê
bolchevique de Petrogrado argumentava que o momento ainda não estava maduro,
que uma rebelião indisciplinada dos anarquistas e das bases bolcheviques
poderia ser facilmente esmagada, causando danos irreparáveis ao partido e à
revolução. Os anarcocomunistas, no entanto, não tinham qualquer interesse em
contemporizar com qualquer grupo político, incluindo os bolcheviques.
Impacientes pelo advento do milênio, avançaram com os seus planos para uma
insurreição armada. Os agitadores anarquistas exortaram o povo à revolta sem
mais demora, assegurando-lhe que não era necessário nenhum apoio de organizações
políticas, “pois a Revolução de Fevereiro também ocorreu sem a liderança de um
partido” [8].
Os anarquistas não
tiveram que esperar muito. Em 3 de julho, multidões de soldados, marinheiros de
Kronstadt e trabalhadores irromperam em uma rebelião aberta na capital,
exigindo que o soviete de Petrogrado assumisse o poder (embora os anarquistas
entre eles estivessem mais interessados em destruir o Estado do que em
transferir as rédeas da autoridade para o soviéticos). O soviete de Petrogrado,
contudo, recusou-se a apoiar a insurgência extemporânea e, após alguns dias de
distúrbios esporádicos, os desordeiros foram enfim reprimidos. Seria um exagero
chamar as Jornadas de Julho de uma “criação anarquista”, como fez um orador
numa conferência anarquista em 1918 [9]. Por outro lado, o papel dos
anarquistas não deve ser minimizado. Juntamente com os militantes da base
bolchevique e os radicais apartidários, agiram como moscas, incitando os
soldados, os marinheiros e os trabalhadores a uma revolta de antemão abortada.
Na sequência das
Jornadas de Julho, os receios do comitê bolchevique concretizaram-se em parte,
pois os líderes do partido foram presos ou forçados a esconder-se. Os
bolcheviques, porém, estavam longe de ser esmagados. Na verdade, em outubro
eles eram suficientemente fortes para lançar a sua insurreição bem sucedida
contra o regime de Kerensky, uma insurreição na qual os anarquistas estavam
mais uma vez entre os participantes mais entusiásticos. (Havia pelo menos quatro
membros anarquistas do Comitê Militar Revolucionário, dominado pelos bolcheviques,
que arquitetou o golpe de Estado de 25 de outubro). Esquecendo-se das pregações
de Bakunin e Kropotkin contra os golpes políticos, os anarquistas participaram
da tomada de poder, apoiados na crença de que o poder uma vez capturado seria
de algum modo eliminado.
Porém, mal se passou um
dia, antes que eles pudessem reconsiderar tal ideia. Em 26 de outubro, quando
os bolcheviques proclamaram um “governo soviético” e criaram um Conselho
Central de Comissários do Povo (Sovnarkom), composto exclusivamente por membros
do seu próprio partido, os anarquistas recordaram das advertências de Bakunin e
Kropotkin, de que a “ditadura do proletariado” significaria na verdade “a ditadura
do partido socialdemocrata” [10]. Imediatamente começaram a protestar,
argumentando que um tipo de concentração do poder político como esse destruiria
a revolução social iniciada em fevereiro. O sucesso da revolução, insistiram,
dependia da descentralização da autoridade política e econômica. Portanto, oss
sovietes e os comitês de fábrica deveriam continuar a ser unidades
descentralizadas, livres do domínio dos chefes do partido ou dos chamados
comissários do povo. Caso contrário, se algum grupo político tentar
convertê-los em instrumentos de coerção, o povo deve estar pronto para pegar em
armas mais uma vez [11].
Os círculos anarquistas
em Petrogrado logo estavam fervilhando de conversas de “uma terceira e última
etapa da revolução”, uma luta final entre “o poder socialdemocrata e o espírito
criativo das massas, entre os sistemas autoritários e libertários, entre o
princípio marxista e o princípio anarquista” [12]. Havia murmúrios ameaçadores
entre os marinheiros de Kronstadt no sentido de que, se o novo Sovnarkom
ousasse trair a revolução, os canhões que tomaram o Palácio de Inverno também
tomariam o Smolny (sede do governo bolchevique). “Onde a autoridade começa, a
revolução acaba!” [13]
As queixas dos
anarquistas acumularam-se rapidamente. Em 2 de novembro, o novo governo
publicou uma Declaração dos Direitos dos Povos da Rússia, que afirmava o
“direito inalienável” de cada nacionalidade de expressar a sua autodeterminação
através do estabelecimento de um Estado independente; o que representava um
retrocesso em relação ao ideal internacionalista e apátrida. Na primavera de
1918, uma nova polícia política, a Tcheka, foi criada; a terra foi
nacionalizada; os comitês de fábrica foram subordinados a uma autoridade; os
sindicatos controlados pelo Estado – em suma, um “Estado-comissário” havia sido
erguido, “a úlcera do nosso tempo”, como a Associação Anarquista Comunista de
Kharkov o descreveu amargamente [14]. De acordo com um panfleto anarquista
anônimo desse período, a concentração de autoridade nas mãos do Sovnarkom, da
Tcheka e do Vesenkha (Conselho Econômico Supremo) havia cortado toda a esperança
de uma Rússia livre: “O bolchevismo, dia após dia, passo a passo, prova que o
poder do Estado possui características inalienáveis; pode mudar o seu rótulo, a
sua “teoria” e os seus servidores, mas, em essência, apenas permanece o mesmo
poder e despotismo sob novas formas” [15].
A Comuna de Paris,
outrora invocada como a sociedade ideal para substituir o governo provisório,
tornou-se agora a resposta anarquista à ditadura de Lenin. Os trabalhadores industriais
foram instruídos a “rejeitar as palavras, ordens e decretos dos comissários” e
criar suas próprias comunas libertárias segundo o modelo de 1871 [16]. Ao mesmo
tempo, os anarquistas fomentavam igual desprezo pelo “fetichismo parlamentar”
dos cadetes, socialistas revolucionários e mencheviques. Não menos simbólico
foi o fato de que, em janeiro de 1918, a Assembleia Constituinte foi encerrada
em um único dia por um destacamento liderado por um marinheiro anarquista de
Kronstadt, Anatolii Zhelezniakov [17].
A torrente de invectivas
contra o governo soviético atingiu o auge em fevereiro de 1918, quando os
bolcheviques retomaram as negociações de paz com os alemães em Brest-Litovsk.
Os anarquistas juntaram-se a outros “internacionalistas” dos SRs de esquerda,
internacionalistas mencheviques, comunistas – para protestar contra qualquer
acomodação com o “imperialismo” alemão. Os anarquistas responderam que os
exércitos profissionais se encontravam obsoletos em qualquer caso, que a defesa
da revolução era agora a missão das massas populares organizadas em
destacamentos partidários, um líder anarquista-comunista, Aleksandr Ge,
pronunciou-se veementemente contra a conclusão do tratado de paz: “Os
anarquistas comunistas conclamam o terror e a guerra partidária em duas
frentes. É melhor morrer pela revolução socialista mundial do que viver sob a
tutela de um acordo com o imperialismo alemão” [18]. Os anarcocomunistas e os
seus camaradas sindicalistas argumentavam que bandos de guerrilheiros,
organizados espontaneamente nas localidades, iriam perseguir e desmoralizar os
invasores, acabando por destruí-los, tal como o exército de Napoleão foi
derrocado em 1812. Volin, um líder sindicalista, esboçou esta estratégia em
termos vívidos: “A tarefa toda é aguentar, resistir, para não ceder; lutar, para
travar uma guerra partidária implacável – aqui, ali e em todo lugar. Avançar ou
recuar, para destruir, atormentar, assediar, atacar o inimigo [19].
Mas os apelos dos anarquistas
caíram em ouvidos moucos. O tratado de Brest-Litovsk, ainda mais duro do que Ge
e Volin temiam, foi assinado pela delegação bolchevique em 3 de março de 1918.
Lenin insistiu que o acordo, por mais severo que fosse, proporcionava um
período de respiro desesperadamente necessário que permitiria a seu partido a
consolidação da revolução e depois levá-la adiante. Para os anarquistas
indignados, contudo, o tratado foi uma capitulação humilhante às forças da reação,
uma traição à revolução mundial. Foi de fato uma “paz obscena”, disseram eles,
ecoando as palavras do próprio Lenin [20]. Quando o Quarto Congresso dos
Sovietes se reuniu em 14 de março para ratificar o tratado, Aleksandr Ge e os
seus colegas delegados anarquistas (eram 14 no total) votaram com a oposição [21].
A disputa sobre o
tratado de Brest-Litovsk trouxe à tona o crescente distanciamento entre
anarquistas e o partido bolchevique. Com a derrubada do Governo Provisório em outubro
de 1917, o casamento de conveniência atingiu a sua meta. Na primavera de 1918,
a maioria dos anarquistas tinha ficado suficientemente desiludida com Lenin
para procurar uma ruptura completa, enquanto os bolcheviques, por sua vez,
começaram a contemplar a supressão dos seus antigos aliados, que tinham
sobrevivido à sua utilidade e cujas críticas incessantes eram um incômodo ao
novo regime, que não se podia mais tolerar. Além disso, os anarquistas, para
além dos seus irritantes ataques verbais, começavam a apresentar um perigo mais
tangível. Em parte, na preparação da antecipada guerra de guerrilha contra os
alemães e, em parte, para desencorajar manobras hostis por parte do governo
soviético, os clubes anarquistas locais vinham organizando destacamentos de
“Guardas Negros” (a bandeira preta era o emblema anarquista), armados com
rifles, pistolas e granadas.
Uma ruptura aberta ocorreu
em abril de 1918, quando a Tcheka lançou uma campanha para remover as células
anarquistas mais perigosas de Moscou e Petrogrado. Em protesto, os anarquistas
denunciaram os bolcheviques como uma casta de intelectuais egoístas que traíram
as massas e a revolução. O poder político, declararam, sempre corrompe aqueles
que o exercem, roubando a liberdade do povo. Mas se a Idade do Ouro estava
escapando de seu alcance, os anarquistas recusavam-se a se desesperar.
Agarraram-se tenazmente à crença de que, em última análise, a sua visão de uma
utopia sem Estado triunfaria. “Continuemos a lutar”, proclamaram, “e o nosso
lema será: A Revolução está morta! Viva a Revolução” [22].
Paul Avrich, Os Anarquistas na Revolução Russa. In: Russian
Review, Volume 26, Edição 4 (10/1967), 341-350.
Tradução: Jean Fecaloma
Notas
[1] Volnyi Kronshtadt,
12 de outubro de 1917, p. 4.
[2] Anarkhist (Rostov),
22 de outubro de 1917, p. 3.
[3] V. I. Lenin,
Sochineniya, 2º final., 31 vols., Moscou, 1931-35, XX, 76-83.
[4] Leninskii sbornik,
35 vols., Moscou, 1924-45, IV, 290.
[5] Bertram D. Wolfe,
Introdução a John Reed, Ten Days That Shook the World, Nova York, 1960, p.
xxxi.
[6] Voline, La
Révolution inconnue (1917-1921), Paris, 1943, p. 185.
[7] Novaya Zhizn, 15 de
novembro de 1917, p. 1.
[8] Leon Trotsky, The
History of the Russian Revolution (13 vols. in 1). Ann Arbor, 1957, II, 82.
[9] Burevestnik, 11 de
abril de 1918, p. 2.
[10] Svobodnaia
Kommuna, 2 de outubro de 1917, p. 2.
[11] Golos Truda, 3 de
novembro de 1917, p. 1.
[12] Voline, La
Révolution inconnue, pp.
[13] Ibid., pág. 200;
Golos Truda, 4 de novembro de 1917, p. 1.
[14] Bezolastie, março
de 1918, p. 1.
[15] Velikii opyt (np,
1918).
[16] Burevestnik, 9 de
abril de 1918, p. 2.
[17] Voline, La
Révolution inconnue, p. 211.
[18] Pravda, 25 de
fevereiro de 1918, p. 2.
[19] Volin,
Revoluutsiya i anarkhizm, Kharkov, 1919, p. 127.
[20] Diktatura
Bolchevique v svete anarkhizma, Paris, 1928, p. 10.
[21] Izvestiya VTSIK,
17 de março de 1918, p. 2; Lenin, Sochineniya, XXII, 618.
[22] G. P. Maximoff,
The Guillotine at Work, Chicago, 1940, p. 23.