Como a ação das próprias leis conduz à
catástrofe histórica do sistema capitalista
Alejandro Acosta
A lei do valor é o
motor que regula o funcionamento da sociedade capitalista. Ela determina o
fluxo e o refluxo dos capitais dos vários setores da economia, de acordo com a
lucratividade.
Conforme Karl Marx
demonstrou detalhadamente na sua obra prima, O Capital, o único gerador de
valor é o trabalho humano. As máquinas são amortizadas e, nos procedimentos
contábeis, simplesmente repassam, de maneira gradual, o investimento realizado
como custo. Na circulação, no processo de compra e venda, os ganhos e perdas
têm a tendência a nivelar-se. A fonte de lucro dos capitalistas é a mais-valia,
a diferença entre os salários pagos e o valor criado pelos trabalhadores.
A concorrência leva a
que a massa geral de mais-valia gerada na sociedade seja repartida de maneira
tendencialmente homogênea entre os capitalistas, independentemente do ramo de
atividades. Hoje, a taxa de lucro das operações industriais nos países
desenvolvidos é extremamente baixa. Por esse motivo, o grosso das manufaturas
têm sido transferido a países onde a mão de obra é, ou foi, na prática,
semiescrava.
O lucro da GM, por
exemplo, vem das fábricas localizadas na China e no Brasil e, ainda mais, do
Banco GM que participa, em larga escala, da especulação financeira, vendendo,
comprando e apostando em títulos públicos e privados, inclusive os derivativos
financeiros que, entre outros, contêm os títulos dos financiamentos de
automóveis.
As bolhas financeiras
quando estouram têm como finalidade, própria do funcionamento do capitalismo,
ajustar as taxas de lucro à média, como pode ser visto claramente na crise
financeira de 2008 e como poderá ser visto nas bolhas que deverão estourar no mundo
todo no próximo período. O inacreditável volume de capital fictício acumulado
no mundo, devido à falta de colocação produtiva, torna esse processo muito mais
explosivo.
Ao mesmo tempo, as
multinacionais imperialistas impõem preços de monopólio e por meio do controle
do estado burguês passaram a controlar todos os aspectos da sociedade burguesa.
A LEI DA TENDÊNCIA À
QUEDA DA TAXA DE LUCRO
A concorrência entre os
capitalistas conduz à procura pelo aumento da produtividade e à redução de
custos, mediante a implementação de novos processos e da automação industrial,
em cima de máquinas mais modernas, o que leva à redução do número de
trabalhadores. Por esse motivo, a mais-valia extraída apresenta a tendência a
cair o que provoca a queda dos lucros que representam o motor da economia
capitalista.
Na tentativa de conter
a ação da lei, os capitalistas aumentam a intensidade do trabalho, reduzem os
salários, por meio de processos de terceirizações, promovem ataques por meio
dos programas de austeridade e usam trabalho escravo em proporções nunca antes
vistas nos últimos séculos.
Mas todas essas
tentativas não conseguem abortar a ação da lei, apenas a contem
temporariamente. Ela provoca o aumento das lutas operárias. Na China, por
exemplo, o salário médio dos trabalhadores passou de US$ 30 na década de 1980,
para mais de US$ 400 nas principais cidades do país. No Vietnam, que se
pretendia que substituísse, parcialmente, à China, nos últimos seis anos, os
salários passaram de US$ 45 para US$ 100. Agora, os monopólios tentam, sempre
com “mais do mesmo”, a mesma operação na Birmânia.
A tentativa de agilizar
os processos de vendas e a diminuição dos estoques, para acelerar a rotação do
capital, tem se chocado com o crescente empobrecimento das massas. A crise de
superprodução está na base da crise capitalista atual. O aumento exponencial do
crédito, em cima de recursos públicos, está levando o mundo inteiro a enormes
bolhas financeiras. No Brasil, o “modelo de crescimento Lula” se esgotou e
deixou como saldo a disparada da inadimplência em níveis históricos, com o
governo fomentando-o ainda mais devido à falta de alternativas.
A desvalorização do
capital constante empregado (principalmente, as máquinas e equipamentos) e,
fundamentalmente, a crise capitalista, que leva à destruição em larga escala
das forças produtivas permitem, junto com superexploração dos trabalhadores,
que os mecanismos capitalistas não engripem. Ao mesmo tempo, as crises aumentam
as compras e consolidações, reforçando ainda mais a monopolização da economia.
O grosso da competição agora se processa em escala mundial por grandes
multinacionais imperialistas que, na disputa do mercado mundial, levam o
parasitismo a níveis absurdos, além de impulsionarem o militarismo e as
guerras.
O AUMENTO DA
INTERVENÇÃO DO ESTADO BURGUÊS NA ECONOMIA
O principal mecanismo
que permitiu ao capitalismo superar a depressão da década de 1930 foi a
escalada da intervenção do estado burguês na economia. O keynesianismo foi a
corrente da economia burguesa que deu corpo teórico à necessidade do estado
promover investimentos com o objetivo de servir como motor da economia. Os
gastos militares dispararam e se estruturou o chamado complexo industrial
militar nos países desenvolvidos que disparou o parasitismo em cima dos
recursos públicos pelas multinacionais.
A crise capitalista de
2007-2008 enterrou o papel redentor do estado burguês, que agora aparece como o
grande concentrador da crise capitalista mostrando o crescimento, nas entranhas
da velha sociedade, da nova sociedade socialista. O gigantesco e crescente
endividamento público demonstra que as crises não reciclam o capitalismo. Elas
permitem a continuidade do funcionamento, mas ao custo do contínuo
enfraquecimento. A comparação que ilustra graficamente este fenômeno seria o
envelhecimento de um ser humano que na velhice continua vivendo, mas com
doenças, e turbinado com remédios e pontes de safena.
Trata-se de um conteúdo
cada vez mais parasitário e podre protegido por uma casca que é o estado
burguês. O papel histórico da revolução proletária, que representa o último ato
da evolução histórica do capitalismo, reside na destruição dessa casca e na
expropriação dos meios de produção do punhado de parasitas financeiros que
domina o mundo.
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