domingo, 1 de abril de 2018

RÚSSIA: O ARSENAL DE PUTIN - O URSO DESPERTOU OUTRA VEZ?



As revelações impressionantes de Putin sobre os novos armamentos russos

The Saker

Se você ainda não ficou sabendo, então confira o discurso anual de Putin para a Assembleia Federal transmitido em rede nacional. O que me surpreendeu, e a muitos outros, foram os novos armamentos que Putin anunciou.

Primeiro, Putin confirmou que o Sarmat ICBM substituirá o antigo mas formidável SS-18 "Satan". Depois, tratou dos novos equipamentos de guerra:

1. Um míssil de cruzeiro movido a energia nuclear de alcance basicamente ilimitado.

2. Um submarino não tripulado nuclear de alcance intercontinental, com velocidade muito alta, propulsão silenciosa e capaz de submergir a grandes profundidades.

3. Um míssil hipersônico que atinge velocidades 10 vezes maiores do que a do som ou 10 Mach (número Ma é uma medida adimensional de velocidade definida pela relação entre a velocidade de um objeto e a velocidade do som – de Ernst Mach), com alcance de 2 mil quilômetros (chamado: Kinzhal, punhal).

4. Um novo míssil estratégico capaz de velocidades de 20 Mach (chamado: Avangard).

Todos estes armamentos podem ser carregados com ogivas nucleares ou convencionais. Apenas pense nas implicações! Isso não significa somente o fato de que todo o esforço da ABM dos EUA é desde já nulo e inútil; significa também o fato de que a partir de agora a frota de porta-aviões dos EUA só poderá ser acionada contra pequenas nações indefesas!

No momento, eu simplesmente não tenho tempo para escrever uma análise completa das impressionantes implicações verdadeiramente tectônicas deste anúncio, então reportarei ao meu amigo especialista em guerra naval Andrei Martyanov e replicarei sua reação inicial a apenas um desses armamentos:

É oficial e acabou.

Enquanto toda a mídia ocidental ainda está tremendo (a sua incompetência é uma das causas disso) diante do discurso de Vladimir Putin, que demonstrou, entre muitas outras coisas, o novo míssil balístico RS-28 Sarmat, um novo sistema bélico revolucionário foi quase completamente ignorado por esta mesma mídia. De longe, a revelação mais chocante (embora inevitável) é a implementação do novo míssil hipersônico Kinzhal (Adaga), regularmente a serviço das unidades de linha de frente da Força Aérea no Distrito Militar do Sul. O Mig-31 carrega esta arma, e tenho certeza que qualquer SU-35, SU-30SM ou SU-34 será capaz de fazê-lo também.

O míssil é... bem, pela falta de melhor palavra, impressionante! M = 10 + altamente manobrável e com o alcance de 2000 quilômetros. A guerra naval como a conhecemos acabou. Sem colocar nenhuma ênfase excessivamente dramática nestas palavras: estamos oficialmente em uma nova era. Repito, estamos oficialmente em uma nova era. O sistema de defesa aérea moderno ou futuro implantado hoje por qualquer frota da Otan pode interceptar um único míssil com essas características. Mas uma salva de 5 ou 6 mísseis destes tipo é de impossível interceptação e a garantia da total destruição de qualquer frota de porta-aviões alvejada.

O uso deste míssil – especialmente porque agora sabemos que está em uso (por enquanto) no Distrito Militar do Sul – é muito simples: seu alvo mais provável serão a águas internacionais do Mar Negro, fechando assim todo o Mediterrâneo Oriental a qualquer navio de superfície ou frota. Também cria uma enorme zona proibida no Pacífico, onde os MiG-31 poderão patrulhar grandes distâncias sobre o oceano. É, no entanto, notável que a plataforma atual para o Kinzhal seja o MiG-31 – indiscutivelmente o melhor interceptador da história. Obviamente, a capacidade do MiG-31 de atingir velocidades supersônicas muito altas (acima de M = 3) é um fator chave no lançamento. Mas pouco importa quais são os procedimentos para o lançamento desta arma aterrorizante, as conclusões são simples:


1. Transferência das frotas de porta-aviões para áreas localizadas em territórios de adversários realmente fracos e indefesos;

2. Os clássicos CBGs estão completamente obsoletos e inúteis, além de tornar vulnerável qualquer navio de combate de superfície, independentemente de suas capacidades de defesa aérea ou não.

3. O controle do mar e da navegação muda de natureza. Aqueles que possuem tal arma passam a dominar simplesmente vastos espaços do mar que serão limitados apenas pelas zonas de alcance do Kinzhal e seus portadores.

Não quero parecer dramático. Há tempos, eu acabei por me acostumar às tecnologias surpreendentes dos armamentos soviéticos e, atualmente, não me espanto com as surpresas das novas armas russas, mas as revelações de hoje, do posto mais alto do governo da Rússia, sobre o Kinzhal foram chocantes. O equilíbrio de poder mudou drasticamente em relação à guerra naval tradicional. Nada mais é como antes. Acabou!

Só posso acrescentar que concordo plenamente com Andrei. É um fato consolidado: não há mais opção militar contra a Rússia.

The Saker

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