sábado, 1 de dezembro de 2018

AQUECIMENTO GLOBAL E A AÇÃO ANTRÓPICA



O aquecimento global é o fenômeno relativo ao aumento da temperatura média da atmosfera do planeta Terra nos últimos dois séculos.

Desde a metade do século XX, cientistas veem reunindo observações e dados detalhados sobre fenômenos climáticos (como temperatura, precipitação e tempestade) e fenômenos diversos influenciados pelo clima (como correntes oceânicas e composição química da atmosfera). Esses dados indicam alterações climáticas ao longo de quase todas as eras do tempo geológico. Não obstante, a influência da ação humana, desde pelo menos o início da Revolução Industrial, está profundamente relacionada com as mudanças climáticas recentes.

Em sintonia com a maior parte dos pesquisadores sérios da comunidade científica, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), tem divulgado dados sobre os efeitos provocados pela ação antrópica no clima da Terra. Em 2013, o IPCC divulgou um relatório sobre o aumento na temperatura média da superfície global em aproximadamente 0,9° C (1,5° F), no interregno de 1880 e 2012. Nesse período, a temperatura aumentou em torno de 1,1° C (2,0 ° F) quando comparada à temperatura média da era pré-industrial. O IPCC observa ainda o fato de que a maior parte do aquecimento global na segunda metade do século XX está relacionada às atividades humanas e lança um prognóstico pessimista para o final do século XXI, quando um aumento da temperatura média global será de 0,3 a 5,4 ° C (0,5 a 9,7 ° F) em relação à média de 1986–2005. Essa previsão se baseia em uma série de projeções e modelos estatísticos, considerando-se possíveis cenários de emissão de gases do efeito estufa e do êxito ou fracasso de políticas públicas para a redução de poluentes no meio ambiente.

Muitos cientistas do clima concordam que, se a temperatura média global aumentar mais 2° C (3,6° F), em tão pouco tempo, isso acarretará em significativos danos sociais, econômicos e ecológicos. Esses danos incluiriam, entre outros, extinção de muitas espécies de plantas e animais, mudanças nos padrões da agricultura e aumento do nível do mar, como consequência do degelo, que também repercutirá em menos água potável.

Estes cenários dependem principalmente de como será a concentração de gases de efeito na troposfera (camada atmosférica mais próxima da crosta terrestre), tendo em vista a quantidades cada vez mais crescentes de poluentes, através da queima de combustíveis fósseis na indústria, transporte e mesmo consumo residencial.

Particularmente em relação aos oceanos e as áreas costeiras, que serão afetadas, o relatório apontou o aumento da média global do nível do mar em cerca de 19 a 21 cm, entre os anos de 1901 e 2010, tendo-se intensificado na segunda metade do século XX. Dependendo da perspectiva de uma ampla gama de cenários hipotéticos plausíveis, até o final do século 21, a média global do nível do mar poderá aumentar em 29-95 cm (11.4-37.4 polegadas), em relação à média de 1986–2005. Mas o relatório não descarta um aumento de mais de 1 metro (3 pés) do nível do mar.

Estas previsões são compartilhadas pelo glaciologista e climatologista canadense Shawn Marshall. Em entrevista concedida à RCN Radio, no dia 20/11/18, Marshall afirmou que pelo menos 100 grandes cidades irão desaparecer gradualmente no próximo século devido ao aumento do nível do mar, dentre elas, Rio de Janeiro (Brasil), Nova York e Miami (EUA, Londres (Reino Unido), Pequim e Xangai (China), causando uma migração em massa de 1,6 bilhão de pessoas. As localidades longe do litoral, segundo Marshall, "deverão acolher ao menos 100 milhões de refugiados". Na lista dos principais causadores da mudança climática estão a China, Estados Unidos, Índia e Rússia. Por sua vez, as áreas mais problemáticas do mundo são o Ártico, Groenlândia, Rússia, Canadá, Noruega e Peru.

O aquecimento global atual é resultado de um aumento na magnitude do chamado efeito estufa, um aquecimento da superfície da Terra e da troposfera, causado pela presença de vapor d'água, dióxido de carbono, metano, óxidos nitrosos e outros gases do efeito estufa. Em 2014, o IPCC informou que as concentrações de dióxido de carbono, metano e óxidos nitrosos na atmosfera superavam as encontradas em núcleos de gelo de mais de 800 mil anos. De todos esses gases, o dióxido de carbono é o mais nefasto, tanto por seu papel no efeito estufa quanto por seu uso na economia. Estima-se que, no início da era industrial, em meados do século XVIII, as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera eram de aproximadamente 280 partes por milhão (ppm). Em meados de 2014, as concentrações de dióxido de carbono haviam atingido 400 ppm e, se os combustíveis fósseis continuarem a ser queimados nas taxas atuais, devem atingir 560 ppm em meados do século XXI. Ou seja, o dobro das concentrações de dióxido de carbono em 300 anos.

No mês passado (22/11/18), a OMM, em seu Boletim Anual de Gases de Efeito Estufa, alertou para que, em 2017, a quantidade de dióxido de carbono bateu novo recorde, de 405,5 partes por milhão, acima dos 403,3 ppm de 2016, sem sinais de reversão na tendência.

Segundo o secretário-geral da OMM Petteri Taalas, “A ciência é clara. Sem cortes rápidos no CO2 e outros gases do efeito estufa, as mudanças climáticas terão impactos cada vez mais destrutivos e irreversíveis sobre a vida na Terra. A janela de oportunidade de ação está quase fechada”.

Seja como for, o cenário atual não é muito otimista. Nesta terça-feira (27), uma semana antes da nova Conferência do Clima, a ONU anunciou que os países do G20 não estão cumprindo suas metas de redução de gazes do efeito estufa estipuladas pelo Acordo de Paris até 2030, e cerca de metade dos membros não alcançaram suas metas incondicionais, como Argentina, Austrália, Canadá, União Europeia, República da Coréia, Arábia Saudita, África do Sul e Estados Unidos.

Já no Brasil, o desmatamento na Amazônia cresceu 13,72%, entre agosto de 2017 e julho de 2018: uma área equivalente a um milhão de campos de futebol. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a área total desmatada é de 7.900 km2, equivalente a 5,2 vezes a cidade de São Paulo. A destruição representa a derrubada ou queimada de 1,1 bilhão de árvores. Os dados constam de um relatório divulgado pelo Greenpeace e, por óbvio, indicam um agravamento do efeito estufa se nada for feito para deter o desmatamento.

Para piorar, o novo governo nega a existência do aquecimento global e, nesta quarta (28), comunicou oficialmente que vai retirar a candidatura do Brasil para sediar a COP-25 (Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas), entre 11 a 22 de novembro de 2019. Fato que gera preocupação na comunidade internacional diante da perspectiva de ausência de compromisso com a preservação do meio ambiente por parte do governo brasileiro.

Diante dos avanços e retrocessos, há um acalorado debate sobre a extensão do aumento da temperatura, dos efeitos do aquecimento no passado e no futuro e, evidentemente, a necessidade de medidas urgentes para reduzir o impacto do aquecimento global.

O futuro da Terra está nas mãos da humanidade.

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