O
aquecimento global é o fenômeno relativo ao aumento da temperatura média da
atmosfera do planeta Terra nos últimos dois séculos.
Desde
a metade do século XX, cientistas veem reunindo observações e dados detalhados
sobre fenômenos climáticos (como temperatura, precipitação e tempestade) e fenômenos
diversos influenciados pelo clima (como correntes oceânicas e composição
química da atmosfera). Esses dados indicam alterações climáticas ao longo de
quase todas as eras do tempo geológico. Não obstante, a influência da ação
humana, desde pelo menos o início da Revolução Industrial, está profundamente
relacionada com as mudanças climáticas recentes.
Em
sintonia com a maior parte dos pesquisadores sérios da comunidade científica, o
Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC), criado em 1988 pela Organização
Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), tem divulgado dados sobre
os efeitos provocados pela ação antrópica no clima da Terra. Em 2013, o IPCC
divulgou um relatório sobre o aumento na temperatura média da superfície global
em aproximadamente 0,9° C (1,5° F), no interregno de 1880 e 2012. Nesse
período, a temperatura aumentou em torno de 1,1° C (2,0 ° F) quando comparada à
temperatura média da era pré-industrial. O IPCC observa ainda o fato de que a
maior parte do aquecimento global na segunda metade do século XX está
relacionada às atividades humanas e lança um prognóstico pessimista para o
final do século XXI, quando um aumento da temperatura média global será de 0,3
a 5,4 ° C (0,5 a 9,7 ° F) em relação à média de 1986–2005. Essa previsão se
baseia em uma série de projeções e modelos estatísticos, considerando-se
possíveis cenários de emissão de gases do efeito estufa e do êxito ou fracasso
de políticas públicas para a redução de poluentes no meio ambiente.
Muitos
cientistas do clima concordam que, se a temperatura média global aumentar mais
2° C (3,6° F), em tão pouco tempo, isso acarretará em significativos danos
sociais, econômicos e ecológicos. Esses danos incluiriam, entre outros,
extinção de muitas espécies de plantas e animais, mudanças nos padrões da
agricultura e aumento do nível do mar, como consequência do degelo, que também
repercutirá em menos água potável.
Estes
cenários dependem principalmente de como será a concentração de gases de efeito
na troposfera (camada atmosférica mais próxima da crosta terrestre), tendo em
vista a quantidades cada vez mais crescentes de poluentes, através da queima de
combustíveis fósseis na indústria, transporte e mesmo consumo residencial.
Particularmente
em relação aos oceanos e as áreas costeiras, que serão afetadas, o relatório
apontou o aumento da média global do nível do mar em cerca de 19 a 21 cm, entre
os anos de 1901 e 2010, tendo-se intensificado na segunda metade do século XX.
Dependendo da perspectiva de uma ampla gama de cenários hipotéticos plausíveis,
até o final do século 21, a média global do nível do mar poderá aumentar em
29-95 cm (11.4-37.4 polegadas), em relação à média de 1986–2005. Mas o
relatório não descarta um aumento de mais de 1 metro (3 pés) do nível do mar.
Estas
previsões são compartilhadas pelo glaciologista e climatologista canadense
Shawn Marshall. Em entrevista concedida à RCN Radio, no dia 20/11/18, Marshall afirmou
que pelo menos 100 grandes cidades irão desaparecer gradualmente no próximo
século devido ao aumento do nível do mar, dentre elas, Rio de Janeiro (Brasil),
Nova York e Miami (EUA, Londres (Reino Unido), Pequim e Xangai (China), causando
uma migração em massa de 1,6 bilhão de pessoas. As localidades longe do litoral,
segundo Marshall, "deverão acolher ao menos 100 milhões de refugiados".
Na lista dos principais causadores da mudança climática estão a China, Estados
Unidos, Índia e Rússia. Por sua vez, as áreas mais problemáticas do mundo são o
Ártico, Groenlândia, Rússia, Canadá, Noruega e Peru.
O
aquecimento global atual é resultado de um aumento na magnitude do chamado
efeito estufa, um aquecimento da superfície da Terra e da troposfera, causado
pela presença de vapor d'água, dióxido de carbono, metano, óxidos nitrosos e
outros gases do efeito estufa. Em 2014, o IPCC informou que as concentrações de
dióxido de carbono, metano e óxidos nitrosos na atmosfera superavam as
encontradas em núcleos de gelo de mais de 800 mil anos. De todos esses gases, o
dióxido de carbono é o mais nefasto, tanto por seu papel no efeito estufa
quanto por seu uso na economia. Estima-se que, no início da era industrial, em
meados do século XVIII, as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera
eram de aproximadamente 280 partes por milhão (ppm). Em meados de 2014, as
concentrações de dióxido de carbono haviam atingido 400 ppm e, se os combustíveis
fósseis continuarem a ser queimados nas taxas atuais, devem atingir 560 ppm em
meados do século XXI. Ou seja, o dobro das concentrações de dióxido de carbono
em 300 anos.
No
mês passado (22/11/18), a OMM, em seu Boletim Anual de Gases de Efeito Estufa, alertou
para que, em 2017, a quantidade de dióxido de carbono bateu novo recorde, de
405,5 partes por milhão, acima dos 403,3 ppm de 2016, sem sinais de reversão na
tendência.
Segundo
o secretário-geral da OMM Petteri Taalas, “A ciência é clara. Sem cortes
rápidos no CO2 e outros gases do efeito estufa, as mudanças climáticas terão
impactos cada vez mais destrutivos e irreversíveis sobre a vida na Terra. A
janela de oportunidade de ação está quase fechada”.
Seja
como for, o cenário atual não é muito otimista. Nesta terça-feira (27), uma
semana antes da nova Conferência do Clima, a ONU anunciou que os países do G20
não estão cumprindo suas metas de redução de gazes do efeito estufa estipuladas
pelo Acordo de Paris até 2030, e cerca de metade dos membros não alcançaram
suas metas incondicionais, como Argentina, Austrália, Canadá, União Europeia,
República da Coréia, Arábia Saudita, África do Sul e Estados Unidos.
Já
no Brasil, o desmatamento na Amazônia cresceu 13,72%, entre agosto de 2017 e
julho de 2018: uma área equivalente a um milhão de campos de futebol. De acordo
com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a área total desmatada é de
7.900 km2, equivalente a 5,2 vezes a cidade de São Paulo. A destruição
representa a derrubada ou queimada de 1,1 bilhão de árvores. Os dados constam
de um relatório divulgado pelo Greenpeace e, por óbvio, indicam um agravamento
do efeito estufa se nada for feito para deter o desmatamento.
Para
piorar, o novo governo nega a existência do aquecimento global e, nesta
quarta (28), comunicou oficialmente que vai retirar a candidatura do Brasil
para sediar a COP-25 (Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações
Unidas), entre 11 a 22 de novembro de 2019. Fato que gera preocupação na
comunidade internacional diante da perspectiva de ausência de compromisso com a
preservação do meio ambiente por parte do governo brasileiro.
Diante
dos avanços e retrocessos, há um acalorado debate sobre a extensão do aumento
da temperatura, dos efeitos do aquecimento no passado e no futuro e,
evidentemente, a necessidade de medidas urgentes para reduzir o impacto do aquecimento
global.
O
futuro da Terra está nas mãos da humanidade.
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