por Amélia Damiani
Num universo sob a égide da homogeneização, própria do imperativo da extensão e intensidade da realização da forma mercadoria e a do capital, as dita diferenças são dissimulações, modos de representação da novidade, sempre prementes à mercantilização. Poderíamos substituí-las pela hierarquização: esta, parte constitutiva das relações sociais, sob o substrato das abstrações mercantis. É possível também o uso estratégico da particularidade, como campo de liberdade e vivência. Lefebvre diz que o particular escusa a provação do homogêneo. Ele lhe é anterior e exterior. A colisão necessária com a homogeneização é própria da diferença. Ela expõe um nexo entre o particular e o homogêneo, pois ativa conteúdos históricos em degenerescência, já que a sociedade homogeneizada é homogeneização como estratégia de comando e imperatória. Mas especialmente o diferencial está no plano da utopia. É a presença do novo no presente, demonstrando seu limite e extinção. É anúncio do possível-impossível na sociedade em presença, admitindo o ausente. O diferencial é presença-ausência no plano do existente. É o possível-impossível. O possível revolucionário. A busca do diferencial leva Lefebvre a transmutar valor de uso em uso, usuário em usador. As diferenças são revolucionárias. O diferencial não é pós-moderno. É crise e crítica da modernidade.
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