Sob um céu baixo e pesado, como o que pairou
sobre o vale de Elá, erguem-se duas realidades que se confrontam num palco de
areia e ruína. De um lado, uma figura frágil, uma Davi dos nossos tempos, cuja
arma não é a funda de couro, mas a verdade nua e crua que corta o ar como um
seixo. Greta, com o lenço palestino — a Keffiyeh — enrolado no pescoço como um
símbolo de identidade roubada e resiliência, não está sozinha. À sua frente,
uma multidão de rostos marcados pela ocupação, cada mão fechada em torno de uma
pedra. Não são meros pedregulhos; são a materialização da Intifada, o grito de
um povo que, sem tanques nem aviões, ergue as próprias montanhas contra o aço.
É a revolução do improvável, onde a pedra, arma primordial, desafia a lógica da
destruição moderna.
Do outro lado do campo, Golias não é um só. É
uma legião de poderes vestidos em ternos caros e uniformes imaculados.
Netanyahu, de pé como um comandante de uma fortaleza inexpugnável, carrega não
uma espada, mas o peso esmagador de um aparato militar. Ao seu lado, Donald
Trump, com o tacape do negacionismo e a bolsa de comércio que corrói alianças;
Friedrich Merz, com a frieza calculista de quem ergue muros burocráticos; Keir
Starmer, com a espada embotada de um pragmatismo que trai princípios; Ursula
von der Leyen, brandindo o cetro de uma União que prega valores enquanto firma
acordos sob escombros; e Macron, com a armadura reluzente de um projeto europeu
que muitas vezes soa como eco vazio perante o clamor dos oprimidos. Todos eles,
Filisteus da ordem vigente, fortemente armados com exércitos, leis, drones, sanções
econômicas e a narrativa inabalável do status
quo.
A batalha, porém, não se trava na lógica deles.
A força de Davi nunca residiu na musculatura, mas na precisão do seu gesto. O
estilingue que Greta empunha é a sua voz — uma funda que lança não pedras, mas
perguntas incômodas, verdades que furam escudos de aço e blindagens de
indiferença. Cada palavra sua é um seixo arredondado pelo rio da ciência e da
justiça, e quando parte do estilingue da consciência coletiva, não busca matar
um gigante, mas acertar-lhe na testa da sua própria contradição. A pedra que
ela lança é a pergunta: "Como se atrevem?". E essa pedra, ao atingir
o frontal da complacência global, não derruba um homem, mas expõe a fragilidade
de todo um sistema construído sobre a exploração e o silêncio.
Os palestinos com as suas pedras não são um
exército no sentido convencional; são a encarnação da resistência desesperada.
As suas pedras são o último recurso dos que não têm nada a perder, o argumento
final quando todas as outras palavras foram soterradas sob bulldozers e
assentamentos. E juntos, a jovem com o lenço e o povo com as pedras, formam um
só corpo — um Davi coletivo que desafia não um, mas todos os Golias do mundo.
Eles representam o poder disruptivo daqueles que são demasiado pequenos para
serem vistos como ameaças, até que o seu desafio ecoa tão alto que abala os
alicerces dos tronos.
Nesta analogia bíblica revisitada, o conflito
não é entre nações, mas entre a voz da casa e a força da fortaleza; entre a
pedra da dignidade e o míssil da dominação. E enquanto o gigante avança,
confiante no seu poderio, não percebe que a verdadeira batalha já está perdida
para ele no momento em que uma criança com um lenço e um povo com pedras se
tornam o espelho no qual o mundo é forçado a ver o seu próprio reflexo
quebrado. O estilingue já foi armado. E o ar, carregado de um silêncio que
precede o estrondo, aguarda o arremesso que, independentemente do desfecho
imediato, já mudou para sempre a geometria do campo de batalha.
*****
É inegável que a
internet, em sua gênese, foi idealizada como um território livre, um espaço
democrático onde todas as vozes poderiam ecoar sem barreiras. No entanto, a
realidade contemporânea revela um panorama mais complexo e menos idílico: o
surgimento de uma forma sutil, porém poderosa, de censura, não imposta por
decretos explícitos, mas administrada silenciosamente pelos algoritmos
controlados por grandes corporações do Ocidente. Esta não é a censura
tradicional, com tesouras e editais, mas uma moderação algorítmica e
assimétrica que, sob o pretexto de combater a desinformação e o discurso de
ódio, acaba por moldar o consenso e silenciar visões dissidentes.
Esses algoritmos,
desenvolvidos e mantidos por gigantes da tecnologia como Meta, Google, Twitter
(X) e outras plataformas, são as portas de entrada para a informação moderna.
Eles decidem o que vemos nas nossas redes sociais, nos resultados de busca e
nos feeds de notícias. A sua programação, contudo, não é neutra. Ela é
impregnada por valores culturais, políticos e comerciais específicos do
ambiente societário em que essas empresas estão inseridas. O que é considerado
"discurso de ódio", "desinformação" ou "conteúdo
perigoso" é frequentemente definido por um conjunto de padrões ocidentais
que podem não levar em conta nuances culturais, contextos históricos ou
perspectivas geopolíticas alternativas.
O mecanismo é
insidioso. Um post, um vídeo ou um perfil pode ser "rebaixado" nos
algoritmos, tornando-se praticamente invisível, sem que o usuário sequer seja
notificado. Canais inteiros são desmonetizados no YouTube, contatos têm seu
alcance drasticamente reduzido no Facebook e Instagram, e tuítes são marcados
com avisos no X, tudo por decisão automatizada ou por moderadores que seguem
diretrizes opacas. O efeito é a criação de um "consenso artificial".
O usuário médio, ao ver apenas um espectro específico de opiniões sendo
promovido e engajado, passa a acreditar que aquela visão representa a maioria,
a normalidade, enquanto visões alternativas são marginalizadas e transformadas
em tabus.
Esta dinâmica tem um
impacto profundo no discurso político global. Narrativas que se alinham com os
interesses e a visão de mundo hegemônica do Ocidente são amplificadas, enquanto
perspectivas críticas a essas mesmas estruturas de poder—sejam elas
provenientes do Sul Global, de países sob sanções ou de movimentos dissidentes
internos—são sistematicamente sufocadas. A justificativa é quase sempre técnica
e bem-intencionada: manter a comunidade segura. No entanto, o resultado prático
é a erosão da pluralidade de ideias, criando uma esfera pública digital que,
longe de ser um ágora aberta, assemelha-se mais a um jardim murado, podado de
acordo com os critérios de seus jardineiros.
Portanto, falar de
censura na internet hoje é ir além da figura clássica do censor estatal. É
reconhecer a existência de um controle soft, privatizado e algorítmico,
exercido a partir de polos de poder tecnológico no Ocidente. Esta censura não
precisa de um rosto ou de um édito; ela opera na sombra do código, moldando
silenciosamente a opinião pública global e definindo, sem alarde, os limites do
que é permitido pensar e dizer no mercado de ideias do século XXI.
Exemplo:
Eu solicitei uma charge
ao Gemini IA através do seguinte prompt:
Faça
uma ilustração (charge) que deverá ser uma analogia a Davi e Golias. De um
lado, Greta Thunberg (Davi), com um estilingue na mão, à frente de palestinos.
Greta usa um lenço palestino (Keffiyeh) no pescoço) e os palestinos seguram
pedras (Intifada). De outro lado, Netanyahu (Golias), Donald Trump, Friedrich
Merz, Keir Rodney Starmer,  Ursula von
der Leyen e Macron (filisteus), todos fortemente armados.
Resposta:
Posso
ajudar com imagens de pessoas, mas não consigo representar algumas figuras
públicas. Há mais alguém que gostaria de tentar?
Foi para o ChatGPT e
refiz o pedido. Resposta:
Posso
fazer essa ilustração, sim — mas antes preciso confirmar alguns detalhes
importantes: a imagem que você descreveu tem forte conteúdo político e envolve
figuras públicas em um contexto de conflito real. Para garantir que ela siga as
diretrizes de uso responsável de imagens, posso criar uma charge alegórica,
mantendo a mensagem simbólica (a luta entre o pequeno e o poderoso), sem
representar violência direta nem incitação contra pessoas reais.
Posso,
por exemplo, representar:
Greta
Thunberg como uma jovem com um estilingue e um lenço no pescoço, ao lado de
figuras genéricas simbolizando resistência civil (sem armas ou pedras
explícitas).
Do
outro lado, figuras que representam o poder — sem usar os rostos reconhecíveis
de Netanyahu, Trump, Merz, Starmer, von der Leyen e Macron, mas com traços que
simbolizam políticos ocidentais (terno, bandeiras, símbolos de poder).
A
cena pode ser montada como uma charge metafórica, intitulada “O Novo Davi e
Golias”, com o contraste entre a juventude/clima/justiça e o
poder/armas/política.
Quer
que eu faça a ilustração dessa forma — mantendo o simbolismo e a crítica
política, mas sem retratar diretamente essas pessoas reais?
Resultado:
Estranhamente o Chat suprimiu o protagonista, o Satanyahu “Golias”!!!
Fiz
então uma adaptação com uma outra charge que eu busquei na internet. 
Tentei
publicar no Instagram, mas o “post” não publicava o texto. Tentei várias vezes
sem sucesso, resultado: apenas 12 curtidas.
No
creo en brujas pero que las hay, las hay!

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