segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Censura nas redes: O Ocidente contra o mundo

 

Sob um céu baixo e pesado, como o que pairou sobre o vale de Elá, erguem-se duas realidades que se confrontam num palco de areia e ruína. De um lado, uma figura frágil, uma Davi dos nossos tempos, cuja arma não é a funda de couro, mas a verdade nua e crua que corta o ar como um seixo. Greta, com o lenço palestino — a Keffiyeh — enrolado no pescoço como um símbolo de identidade roubada e resiliência, não está sozinha. À sua frente, uma multidão de rostos marcados pela ocupação, cada mão fechada em torno de uma pedra. Não são meros pedregulhos; são a materialização da Intifada, o grito de um povo que, sem tanques nem aviões, ergue as próprias montanhas contra o aço. É a revolução do improvável, onde a pedra, arma primordial, desafia a lógica da destruição moderna.

Do outro lado do campo, Golias não é um só. É uma legião de poderes vestidos em ternos caros e uniformes imaculados. Netanyahu, de pé como um comandante de uma fortaleza inexpugnável, carrega não uma espada, mas o peso esmagador de um aparato militar. Ao seu lado, Donald Trump, com o tacape do negacionismo e a bolsa de comércio que corrói alianças; Friedrich Merz, com a frieza calculista de quem ergue muros burocráticos; Keir Starmer, com a espada embotada de um pragmatismo que trai princípios; Ursula von der Leyen, brandindo o cetro de uma União que prega valores enquanto firma acordos sob escombros; e Macron, com a armadura reluzente de um projeto europeu que muitas vezes soa como eco vazio perante o clamor dos oprimidos. Todos eles, Filisteus da ordem vigente, fortemente armados com exércitos, leis, drones, sanções econômicas e a narrativa inabalável do status quo.

A batalha, porém, não se trava na lógica deles. A força de Davi nunca residiu na musculatura, mas na precisão do seu gesto. O estilingue que Greta empunha é a sua voz — uma funda que lança não pedras, mas perguntas incômodas, verdades que furam escudos de aço e blindagens de indiferença. Cada palavra sua é um seixo arredondado pelo rio da ciência e da justiça, e quando parte do estilingue da consciência coletiva, não busca matar um gigante, mas acertar-lhe na testa da sua própria contradição. A pedra que ela lança é a pergunta: "Como se atrevem?". E essa pedra, ao atingir o frontal da complacência global, não derruba um homem, mas expõe a fragilidade de todo um sistema construído sobre a exploração e o silêncio.

Os palestinos com as suas pedras não são um exército no sentido convencional; são a encarnação da resistência desesperada. As suas pedras são o último recurso dos que não têm nada a perder, o argumento final quando todas as outras palavras foram soterradas sob bulldozers e assentamentos. E juntos, a jovem com o lenço e o povo com as pedras, formam um só corpo — um Davi coletivo que desafia não um, mas todos os Golias do mundo. Eles representam o poder disruptivo daqueles que são demasiado pequenos para serem vistos como ameaças, até que o seu desafio ecoa tão alto que abala os alicerces dos tronos.

Nesta analogia bíblica revisitada, o conflito não é entre nações, mas entre a voz da casa e a força da fortaleza; entre a pedra da dignidade e o míssil da dominação. E enquanto o gigante avança, confiante no seu poderio, não percebe que a verdadeira batalha já está perdida para ele no momento em que uma criança com um lenço e um povo com pedras se tornam o espelho no qual o mundo é forçado a ver o seu próprio reflexo quebrado. O estilingue já foi armado. E o ar, carregado de um silêncio que precede o estrondo, aguarda o arremesso que, independentemente do desfecho imediato, já mudou para sempre a geometria do campo de batalha.

*****

É inegável que a internet, em sua gênese, foi idealizada como um território livre, um espaço democrático onde todas as vozes poderiam ecoar sem barreiras. No entanto, a realidade contemporânea revela um panorama mais complexo e menos idílico: o surgimento de uma forma sutil, porém poderosa, de censura, não imposta por decretos explícitos, mas administrada silenciosamente pelos algoritmos controlados por grandes corporações do Ocidente. Esta não é a censura tradicional, com tesouras e editais, mas uma moderação algorítmica e assimétrica que, sob o pretexto de combater a desinformação e o discurso de ódio, acaba por moldar o consenso e silenciar visões dissidentes.

Esses algoritmos, desenvolvidos e mantidos por gigantes da tecnologia como Meta, Google, Twitter (X) e outras plataformas, são as portas de entrada para a informação moderna. Eles decidem o que vemos nas nossas redes sociais, nos resultados de busca e nos feeds de notícias. A sua programação, contudo, não é neutra. Ela é impregnada por valores culturais, políticos e comerciais específicos do ambiente societário em que essas empresas estão inseridas. O que é considerado "discurso de ódio", "desinformação" ou "conteúdo perigoso" é frequentemente definido por um conjunto de padrões ocidentais que podem não levar em conta nuances culturais, contextos históricos ou perspectivas geopolíticas alternativas.

O mecanismo é insidioso. Um post, um vídeo ou um perfil pode ser "rebaixado" nos algoritmos, tornando-se praticamente invisível, sem que o usuário sequer seja notificado. Canais inteiros são desmonetizados no YouTube, contatos têm seu alcance drasticamente reduzido no Facebook e Instagram, e tuítes são marcados com avisos no X, tudo por decisão automatizada ou por moderadores que seguem diretrizes opacas. O efeito é a criação de um "consenso artificial". O usuário médio, ao ver apenas um espectro específico de opiniões sendo promovido e engajado, passa a acreditar que aquela visão representa a maioria, a normalidade, enquanto visões alternativas são marginalizadas e transformadas em tabus.

Esta dinâmica tem um impacto profundo no discurso político global. Narrativas que se alinham com os interesses e a visão de mundo hegemônica do Ocidente são amplificadas, enquanto perspectivas críticas a essas mesmas estruturas de poder—sejam elas provenientes do Sul Global, de países sob sanções ou de movimentos dissidentes internos—são sistematicamente sufocadas. A justificativa é quase sempre técnica e bem-intencionada: manter a comunidade segura. No entanto, o resultado prático é a erosão da pluralidade de ideias, criando uma esfera pública digital que, longe de ser um ágora aberta, assemelha-se mais a um jardim murado, podado de acordo com os critérios de seus jardineiros.

Portanto, falar de censura na internet hoje é ir além da figura clássica do censor estatal. É reconhecer a existência de um controle soft, privatizado e algorítmico, exercido a partir de polos de poder tecnológico no Ocidente. Esta censura não precisa de um rosto ou de um édito; ela opera na sombra do código, moldando silenciosamente a opinião pública global e definindo, sem alarde, os limites do que é permitido pensar e dizer no mercado de ideias do século XXI.

Exemplo:

Eu solicitei uma charge ao Gemini IA através do seguinte prompt:

Faça uma ilustração (charge) que deverá ser uma analogia a Davi e Golias. De um lado, Greta Thunberg (Davi), com um estilingue na mão, à frente de palestinos. Greta usa um lenço palestino (Keffiyeh) no pescoço) e os palestinos seguram pedras (Intifada). De outro lado, Netanyahu (Golias), Donald Trump, Friedrich Merz, Keir Rodney Starmer,  Ursula von der Leyen e Macron (filisteus), todos fortemente armados.

Resposta:

Posso ajudar com imagens de pessoas, mas não consigo representar algumas figuras públicas. Há mais alguém que gostaria de tentar?

Foi para o ChatGPT e refiz o pedido. Resposta:

Posso fazer essa ilustração, sim — mas antes preciso confirmar alguns detalhes importantes: a imagem que você descreveu tem forte conteúdo político e envolve figuras públicas em um contexto de conflito real. Para garantir que ela siga as diretrizes de uso responsável de imagens, posso criar uma charge alegórica, mantendo a mensagem simbólica (a luta entre o pequeno e o poderoso), sem representar violência direta nem incitação contra pessoas reais.

Posso, por exemplo, representar:

Greta Thunberg como uma jovem com um estilingue e um lenço no pescoço, ao lado de figuras genéricas simbolizando resistência civil (sem armas ou pedras explícitas).

Do outro lado, figuras que representam o poder — sem usar os rostos reconhecíveis de Netanyahu, Trump, Merz, Starmer, von der Leyen e Macron, mas com traços que simbolizam políticos ocidentais (terno, bandeiras, símbolos de poder).

A cena pode ser montada como uma charge metafórica, intitulada “O Novo Davi e Golias”, com o contraste entre a juventude/clima/justiça e o poder/armas/política.

Quer que eu faça a ilustração dessa forma — mantendo o simbolismo e a crítica política, mas sem retratar diretamente essas pessoas reais?

Resultado:

Estranhamente o Chat suprimiu o protagonista, o Satanyahu “Golias”!!!

Fiz então uma adaptação com uma outra charge que eu busquei na internet. 

Tentei publicar no Instagram, mas o “post” não publicava o texto. Tentei várias vezes sem sucesso, resultado: apenas 12 curtidas.

No creo en brujas pero que las hay, las hay!


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