Famílias com até 2
salários gastam 61% do orçamento com alimentos e habitação
As famílias com
rendimento de até dois salários mínimos (R$ 1.908) comprometem uma parte maior
de seu orçamento com alimentação e habitação que aquelas com rendimentos
superiores a 25 salários mínimos (R$ 23.850).
Somados, os dois grupos
representam 61,2% das despesas das famílias com menores rendimentos, sendo 22%
destinados à alimentação e 39,2% voltados à habitação. Entre aquelas com os
rendimentos mais altos, a soma atinge 30,2%, sendo 7,6% com alimentação e 22,6%
com habitação.
É o que mostra a
Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, divulgada hoje pelo IBGE.
O gerente da pesquisa,
André Martins, diz que “o entendimento do orçamento doméstico, no que se refere
às despesas, muda de acordo com a classe de rendimento das famílias”.
É o caso da
alimentação. Para as famílias que formam a classe de maiores rendimentos, as
despesas com alimentação (R$ 2.061,34) são mais que o triplo do valor médio do
total das famílias do país (R$ 658,23) e mais de seis vezes o valor da classe
com rendimentos mais baixos (R$ 328,74).
Para André, quando se
olha para despesas, como as de saúde (6,5%), a participação percentual é
bastante parecida entre os dois extremos de rendimento, mas os valores em si
são em níveis e tipos diferentes. “Nas famílias de maiores rendimentos, essas
despesas vão para plano de saúde [2,9%]. Nas famílias com menores rendimentos,
são despesas com remédios [4,2%]”, ressaltou.
Segundo a POF,
alimentação, habitação e transporte comprometiam, em conjunto, 72,2% dos gastos
das famílias brasileiras, no que refere ao total das despesas de consumo, ou
seja, aquelas utilizadas para a aquisição de bens e serviços.
No caso da alimentação,
a proporção nos gastos totais das famílias em situação rural (23,8%) superou a
da urbana (16,9%), bem como as despesas com transporte (20% rural e 17,9%
urbano). Educação (4,7%) foi o grupo que apresentou a diferença mais relevante
entre as participações da situação de residência urbana (4,9%) e da rural
(2,3%).
Brasileiros investem
menos e pagam mais dívidas
A participação das
despesas destinadas ao aumento do ativo, como aquisição e reforma de imóveis,
foi de 4,1% em relação ao total das despesas. Esse grupo teve forte queda ao
longo dos quase 30 anos que se passaram entre o Estudo Nacional de Despesa
Familiar (Endef), com 16,5%, e a POF de 2003, com 4,8%. Para o período mais
recente, o percentual vem apresentando menor variação, atingindo 5,8% em 2009 e
4,1% em 2018.
Já a diminuição do
passivo, que inclui pagamentos de débitos, juros e seguros com empréstimos
pessoais, apresentou menores variações na tendência histórica. Após uma
manutenção na participação em 2003 (2%) e 2009 (2,1%), o percentual foi um
pouco maior para 2018, chegando a 3,2%. Esse percentual está próximo do
observado no Endef, quando representava 3,6% da despesa total.
Para o gerente da
pesquisa, “quando se compara com o Endef, reparamos que a parcela destinada ao
aumento do ativo era maior, quando comparada com a pesquisa de 2003. De 2009 a
2018, vimos um pequeno aumento com as despesas para pagamento de empréstimo”.
Como as despesas
correntes comprometem 92,7% das despesas do domicílio, “sobra essa outra
parcela para dividir entre investimentos e a diminuição do passivo”, concluiu
André, lembrando que os gastos correntes incluem, além das despesas de consumo,
impostos, contribuições trabalhistas, serviços bancários e pensões.
Brasileiro gasta, em
média, R$ 4,6 mil por mês
A despesa total média
mensal familiar no Brasil foi de R$ 4.649,03 em 2018, sendo 7,2% mais alta nas
áreas urbanas (R$ 4.985,39) e 45,3% menor nas áreas rurais (R$ 2.543,15). Os
maiores valores ocorreram nas regiões Centro-Oeste (R$ 5.762,12) e Sudeste (R$
5.415,49). Norte (R$ 3.178.63) e Nordeste (R$ 3.166,07) ficaram abaixo da
média.
André disse, ainda, que
“essa pesquisa trabalha com despesas monetárias e não monetárias, que são as
parcelas em que as famílias têm a aquisição de determinado produto, mas não
precisaram desembolsar determinados valores para isso. E têm tido uma
importância de cerca de 18% em relação às despesas totais”.
No Brasil, as despesas
monetárias, realizadas mediante pagamento em dinheiro, cheque ou cartão de
débito ou crédito, representam 81,9% do total. Já as despesas não monetárias
representam 18,1%, aquelas provenientes de produção própria, retiradas do negócio,
troca, doação e outras formas de obtenção que não envolveram pagamentos em
dinheiro.
As despesas não
monetárias têm uma participação maior nas áreas rurais (22,5% contra 17,7% nas
áreas urbanas). A região Centro-Oeste mostrou o menor percentual (15,9%),
enquanto o maior foi registrado no Norte (19%).
Editoria: Estatísticas
Sociais | Diana Paula de Souza | Arte: Simone Mello
Fonte: IBGE 04/10/2019
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